O primeiro-ministro anunciou esta quarta-feira que o seu Governo vai trabalhar com os agentes da cadeia alimentar para garantir uma redução do preço dos bens alimentares, admitindo baixar o IVA.
No debate parlamentar de política geral, António Costa salientou que o Governo e os agentes da cadeia alimentar têm o "objetivo comum" de reduzir e "controlar a inflação sobre os bens alimentares", reconhecendo que o seu valor está "claramente acima daquilo que é a média da inflação a nível nacional e mesmo acima do que acontece em outros países europeus".
O deputado Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, toma de novo a palavra no parlamento e confronta o primeiro-ministro. "Falhou nas florestas, falhou na TAP, no poder de compra, na educação, na saúde e nos transportes", atira. "É o coiote da política portuguesa. Os seus planos falham sempre", diz ainda. "Sabe que a razão pela qual eu prefiro funções executivas a outro tipo de funções políticas é que nas outras funções fala-se, fala-se, fala-se, mas no executivo ou se faz ou não se faz e a medida do que se faz está nos resultados", responde o primeiro-ministro.
O deputado do Chega, Pedro Pinto, aproveita a intervenção no parlamento para trazer de novo à tona o tema do Serviço Nacional de Saúde e lançar críticas.
"Na sexta quando for apresentar as migalhas. Migalhas que humilham enquanto o País se afunda", disse Catarina Martins, deputada do BE para António Costa em relação aos apoios do governo à população portuguesa. "Mostra uma enorme arrogância [quando fala] das migalhas. Para si podem ser mas para o povo não são", respondeu o primeiro-ministro.
Debate prossegue pela questão da eletricidade e antecipa encontro com António Guterres
PM refere que a "comissão ficou muito aquém" no que diz respeito ao mercado da eletricidade, reforçando a necessidade de uma comissão "mais ambiciosa". "Era altura de pôr termos às regras de marginalização de fixação do preço da eletricidade".
António Costa esclarece que o encontro vai centrar-se sob as alterações climáticas, na guerra da Ucrânia e sobre a economia europeia.
Ainda na questão da guerra, Cristina Mendes da Silva, Ps, questiona António Costa sobre a redução do risco de pobreza.
O deputado do PS, Miguel Eglésias, reforça a questão da imposição de novas medidas orçamentais a par com a "realidade pós-pandemia".
Chega: "É mais fácil prender Putin em Portugal do que clovis"
Bruno Nunes apela mais uma vez ao governo para ter em conta as medidas do partido para "empresas, famílias e economia", acusando o mesmo de "continuar a preferir olhar para o lado e apelar a linhas vermelhas", garantido a existência de "desproporção de apoio PRR".
Já o Bloco de Esquerda refere-se às "migalhas" que o governo vai apresentar na questão das ajudas, ao que o PM respondeu "para si e para o seu eleitorado pode ser migalhas. Mas para o povo não é".
Taxas de Juro "inaceitáveis"
O Pan, à voz de Inês Sousa Real, exige proteção e "garantia" ao governo face à sua posição sobre às políticas de taxa de juro, acreditando ser "absolutamente inaceitável" o seu aumento.
Considerações Finais
Numa última palavra no debate à assembleia, António Costa, garante que "estamos a anos-luz do que estavamos há 7/8 anos atrás" no que diz respeito à governação económica na Europa, realçando a exigência de um "novo esforço de requalificação" da transição digital e energética.
"Devemos procurar evitar cair na armadilha dos nossos adversários. A experiência tem demonstrado que com boa credibilidade é possível negociar mesmo o que é impensável e conseguimos aprovar vários orçamentos que a CE deu luz verde e contou com o voto da senhora deputada. Poucos acreditavam que isso fosse possível", esclareceu o PM em resposta à deputada do BE, Mariana Mortágua, sobre a questão do poder da Comissão Europeia.
"O facto de o BCE ter total autonomia na condução da política monetária significa que os primeiros-ministrso podem discordar, mas nada mais", acrsecenta.
Quanto ao cenário da guerra na Ucrânia e a sua admissão na UE, Costa diz não haver "direito para a criação de expetativas à Ucrânia", alertando para a responsabilidade que deve ser assumida quanto ao compromisso de ajuda para com os cidadãos ucrânianos. "Acho absolutamente irresponsável limitarmo-nos a dizer 'venham' sem arrumarmos a casa para acolher as pessoas que convidamos para entrar".