Ana Portela, porta-voz da CP, adiantou que apenas circulou uma composição entre as estações de Santa Apolónia (Lisboa) e do Entroncamento, minutos depois da meia-noite.
A mesma responsável disse esperar que ainda se verifiquem algumas perturbações na circulação ferroviária durante a madrugada e manhã de sexta-feira, decorrentes da greve desta quinta-feira.
Também os presidentes do Sindicato Nacional de Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), António Medeiros, e do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial e Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, declararam à Lusa que a greve fez parar "todos os comboios" de passageiros e de mercadorias.
A expectativa da CP e dos sindicatos é que a próxima paralisação, marcada para domingo (feriado de 10 de Junho), implique a paralisação total da circulação ferroviária, dado "o impasse" no ultrapassar das divergências negociais.
Segundo Ana Portela, a CP tem estado aberta ao diálogo com os sindicatos, "mas não pode deixar de cumprir a lei" e as orientações impostas em sede de Orçamento do Estado.
"Não temos condições para negociar", afirmou a porta-voz, referindo-se aos cortes dos subsídios de férias e Natal e aos pagamentos de remunerações extraordinárias.
Os presidentes dos dois sindicatos queixam-se de "falta de informação" da CP relativamente às medidas que vem tomando, e defendem que este conflito só poderá ser resolvido com a intervenção do Governo.
"A empresa que respeite os acordos e que se comporte como pessoa de bem, e cumpra o Acordo de Empresa", observou António Medeiros, frisando que a actual administração "não tem condições para gerir a CP".
Ambos os dirigentes sindicais se queixam de a empresa ter aplicado retroactivamente cortes salariais sobre trabalho em dias de feriado e descanso, obrigando os trabalhadores a repor parte do recebido entre Janeiro e Maio.
"Os cortes vão além do razoável. Os trabalhadores têm de pagar para trabalhar, e pagar para trabalhar é escravatura", sustentou o presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial e Itinerante (SFRCI), Luís Bravo.
Afirma que a hora de trabalho em dia feriado ou de descanso é paga a 1,70 euros, em média 17 euros por dia, o que não assegura os gastos que os trabalhadores têm na deslocação em viatura própria, por não disporem de outro transporte para o domicílio.
António Medeiros realça que o montante de 2,15 euros que os maquinistas recebem por hora nesses dias não respeita o Acordo de Empresa nem a legislação em vigor para o trabalho em funções públicas.