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Metade da sardinha capturada é devolvida ao mar

Limite diário de capturas desanima pescadores.

04 de junho de 2019 às 01:30

Os pescadores da arte do cerco estão contra a imposição de atirar ao mar a sardinha capturada em excesso, porque a grande maioria já está morta na rede ou morre mais tarde.

Esta segunda-feira, no regresso ao mar após oito meses de paragem, muitas das embarcações tiveram de atirar ao mar mais de metade das capturas.

Os limites diários são impostos consoante o tamanho das embarcações. "Há muita sardinha, mas nós só podemos apanhar cerca de 3188 quilos. Mais de metade do que veio na rede voltou ao mar.

Custa saber que 80% das sardinhas devolvidas morrem", lamentou ao CM o mestre Joaquim Dias, a bordo da traineira ‘Arrifana’, que atua na zona de Portimão. Na Figueira da Foz foram sete as embarcações que lançaram o cerco à sardinha, trazendo perto de 22 toneladas.

Este era um dia há muito aguardado pois "o mercado está desejoso da nossa sardinha", diz o presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral, António Lé. Ainda assim, a satisfação é limitada: "Deitámos muita sardinha ao mar", lamenta o mestre Tiago Cardoso, garantindo que "há muita e boa sardinha".

Em Peniche, foi com insatisfação que os pescadores das 16 embarcações que operam no porto regressaram do mar, criticando o volume de capturas.

E os preços na lota também não satisfizeram. Na Figueira, as sardinhas saíram da lota a dois euros o quilo, subindo para os 4 euros no mercado da cidade.

Na lota de Portimão entrou muita sardinha mas o tamanho pequeno levou a que o preço não passasse o 1,50 euros por quilo.

Preço do cabaz abaixo do esperado

O barco ‘Deus Não Falta’, um dos 16 que ontem partiram para a faina a partir do porto de Peniche, apanhou 141 cabazes, vendidos na lota a uma média de 35 euros cada.

"Está abaixo das expectativas para esta altura do ano. Pensávamos que pudesse chegar aos 50 euros. Se descontarmos as percentagens para a lota e as despesas de gasóleo, alimentação e transportes, vai dar 45 euros para cada um dos trinta pescadores desta embarcação, o que é muito pouco", lamentou o mestre da embarcação, Agonia Torrão.

Sardinha a 5 euros na feira de Espinho

O valor da sardinha atingiu ontem os 5 euros por quilo na feira de Espinho. Após mais de oito meses de interdição - decretada para garantir a sustentabilidade da espécie - as traineiras voltam à faina desde ontem até 31 de julho.

"Vendemos a sardinha muito bem, houve muita procura. Na véspera do primeiro dia já havia encomendas dos clientes habituais", disse ao CM Maria do Moleiro, peixeira tradicional em Espinho. "Com a aproximação das festas de São João a procura ainda vai aumentar mais" afirmou a vendedora.

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