De acordo com estimativas da autoridade, o custo mensal do gás natural irá pelo menos triplicar no próximo ano.
Com 36 graus na rua, o jovem berlinense Oliver saiu de casa para comprar um termoventilador, antecipando um inverno sem gás russo para se aquecer, cenário que leva os alemães a ponderarem medidas de austeridade energética.
"É verdade que os preços estão todos a subir, mas entre pagar mais ou não ter aquecimento de todo, prefiro não arriscar. Antes que esgotem, decidi comprar já", adianta em declarações à Lusa, admitindo que tem acompanhado diariamente as notícias e não está otimista em relação ao abastecimento proveniente da Rússia.
Enquanto o país se prepara para viver sem o gás russo, Governo, empresas e consumidores alemães admitem medidas como voltar ao teletrabalho, tomar duches mais curtos ou o corte de fornecimento de água quente em determinados horários.
O gasoduto Nordstream 1 continua em manutenção com fim previsto para quinta-feira, 21 de julho. Mas os políticos e a própria União Europeia temem que o fluxo não seja restituído, ou, mesmo que seja, não em quantidades suficientes.
Resultado dos esforços para reduzir essas importações e da suspensão do fornecimento através do Nord Stream, no final de junho a importação de gás da Rússia caiu para 26% do tal comprado ao estrangeiro, face a 55% em fevereiro, de acordo com a última avaliação do Ministério da Economia, divulgada hoje.
O tema é discutido por toda a Alemanha, e há quem receie o pior. No entanto, o jornal Handelsblatt recorda que as residências particulares pertencem aos chamados grupos de clientes protegidos. O que significa que o desligar do aquecimento é praticamente impossível.
Mas enquanto a indústria está a consumir visivelmente menos energia, pouco mudou para os clientes domésticos até agora. O chefe da Agência Federal de Redes, Klaus Müller, alertou para o aumento extremo de preços que se avizinha.
De acordo com estimativas da autoridade, o custo mensal do gás natural irá pelo menos triplicar no próximo ano.
"Nem tudo chega ao consumidor de imediato e não integralmente, mas em algum momento terá de ser pago. E é por isso que faz sentido economizar mais agora", apontou, citado pelo jornal Spiegel.
Algumas medidas anunciadas um pouco por todo o país estão a gerar polémica e, sobretudo, pânico de um inverno gelado.
Em Hamburgo, o senador ambientalista Jens Kerstan não descarta a limitação de água quente para residências particulares em caso de emergência.
"Em caso de escassez extrema de gás, a água quente poderá ser só disponibilizada em determinadas horas do dia", revelou o político dos Verdes em declarações ao jornal Welt am Sonntag.
O grupo de construção residencial Vonovia quer limitar o aquecimento a gás dos seus inquilinos a 17 graus à noite, para economizar energia.
Outra das medidas apontadas implica um possível regresso completo ao trabalho remoto. No início de maio, a ideia tinha sido apontada pelo ministro da Economia da Renânia do Norte-Vestefália, Andreas Pinkwart. O objetivo principal era a menor necessidade de aquecimento nos escritórios.
A fabricante de bens de consumo Henkel está a considerar esta possibilidade.
"É possível que reintroduzamos mais trabalho remoto por um período limitado, como na pandemia. Mas desta vez para economizar energia em prol do interesse nacional", revelou o administrador da empresa, Carsten Knobel, em declarações ao diário Rheinische Post.
A proposta foi recebida com críticas por parte do parlamento alemão, com exceção dos liberais do FDP, que a veem como "um bom exemplo de iniciativa do setor privado".
Para a associação social e sindical VdK Alemanha, o teletrabalho é positivo, mas "ninguém deve ser obrigado a fazê-lo sempre desde casa, pois a empresa é um importante local de interação social para muitos funcionários".
Citado pelo jornal Welt, a presidente do VdK, Verena Bentele, assume que devem ser a próprias empresas a assumir os custos de energia mais altos, não os repassar aos funcionários.
Enquanto procura fontes alternativas de fornecimento de gás, desde a América do Norte ao Médio Oriente, e investe em terminais de regaseisificação no litoral, o Governo do chanceler Klaus Scholz procura dar o exemplo.
Apelando a todos que façam o mesmo, o ministro da Economia, Robert Habeck, revelou que desde o início da guerra reduziu significativamente o tempo que passa a tomar banho.
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Lusa/Fim
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