“Temos ainda algumas locomotivas a diesel, uma centena de carruagens e automotoras de via estreita”, exemplificou ao Correio da Manhã Natal da Luz, da Unidade de Gestão da Frota da CP, confirmando que a empresa se encontra em negociações com vários operadores.
A CP pretende assim vender material que já não usa há anos, evitando a sua degradação e encaixando alguns milhões de euros.
Foi nesse sentido que assinou em 2005 um contrato com a Argentina que prevê o envio de 60 carruagens, seis automotoras, 28 locomotivas e 21 Unidades Triplas Eléctricas (UTE), isto é, constituídas por três peças, duas das quais motorizadas.
O contrato prevê quatro carregamentos – o segundo seguiu na semana passada para Buenos Aires – até ao final deste ano.
Neste momento, já se encontram naquele país da América Latina, 40 carruagens e sete locomotivas, enviadas no início de 2006.
O valor global do contrato é de 27 milhões de euros, 15 milhões dos quais pela venda de material e os restantes 12 milhões pelas reabilitações realizadas pela Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF).
Estas operações de venda são interessantes para a CP porque “dão a possibilidade de recuperar material que estaria condenado à sucata, já que com a imobilização a degradação é muito rápida, e permite dar trabalho à EMEF, o que é bom para as empresas e para o País”, explicou Natal da Luz.
Trabalho na EMEF
Com efeito, este contrato internacional, e também o firmado com a Bósnia, tem permitido rentabilizar as instalações da EMEF.
Recorde-se que o governo bósnio encomendou 356 vagões, um contrato que representa um encaixe de 32 milhões de euros, cuja execução ainda decorre. Os caminhos--de-ferro daquele país do Leste Europeu encomendaram três tipos de vagões, para cargas a granel, embaladas e cerealíferos, com capacidade para 52 toneladas de carga.
Para além da construção em Portugal, a EMEF tem técnicos na Bósnia a recuperar 211 vagões destruídos pela guerra.
Aliás, uma visita da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, à Bósnia, para a entrega dos primeiros 30 vagões construídos pela empresa portuguesa, abriu as portas a futuras encomendas.
MATERIAL VENDIDO
LOCOMOTIVAS
Estas locomotivas circularam sobretudo no Sul do País. Estiveram ao serviço, nomeadamente, nas ligações realizadas no Litoral Algarvio.
AUTOMOTORAS
Estas automotoras Nohab garantiam o serviço, até há poucos anos, nas linhas do Alentejo (Vendas Novas-Évora) e do Litoral Algarvio.
COMPOSIÇÕES
Estas composições circularam, na Linha de Sintra, entre os anos 60 e 90, tendo passado a servir o ramal de Tomar e Figueira da Foz.
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