Armando Vara, ex-secretário de Estado da Administração Interna no governo Guterres, de onde saiu em consequência do escândalo da Fundação para Prevenção e Segurança, foi nomeado pelo novo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O ministro substituiu também o presidente do banco público, Vítor Martins, nomeando para o cargo Carlos dos Santos Ferreira, um homem próximo de António Guterres e muitas apontado como eventual membro dos governos do antigo primeiro-ministro.
Recorde-se que Vítor Martins ocupava a presidência da CGD desde Setembro do ano passado, tendo na altura substituído António de Sousa e Luís Mira Amaral, que lideravam o anterior modelo bicéfalo de administração do banco público.
CAIXA COR-DE-ROSA
Carlos dos Santos Ferreira tem 56 anos de idade, é licenciado em Direito e tem 34 anos de carreira como gestor. Começou na ANA - Aeroportos de Portugal, passou pela gestão do aeroporto de Macau e tornou-se depois 'braço direito' de António Champalimaud, integrando a direcção da Mundial Confiança, de onde saiu em 1999 magoado com Champalimaud por não ter sido consultado sobre o negócio com os espanhóis do Santander.
O novo presidente da CGD passou ainda pela direcção do BCP para a área dos seguros e ocupava actualmente a vice-presidência da Estoril Sol. É agora o primeiro socialista numa década a presidir ao Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos.
Em comunicado, o Ministério das Finanças adianta que “na qualidade de representante do accionista Estado na instituição” decidiu, igualmente, reduzir de onze para nove o número de elementos da Administração da Caixa. Dos nove administradores da nova direcção, quatro são da área socialista.
Substituído pelo novo ministro das Finanças foi também o vice-presidente da CGD, João Freixa, que abandonou a direcção. António Maldonado Gonelha mantém-se na direcção - para onde foi levado pelo presidente cessante (Vítor Martins) - e passa agora a ser o único vice-presidente do banco público.
De saída estão também os vogais António Vila Cova, Luís Alves Monteiro e Gracinda Raposo. O ministro das Finanças decidiu manter na administração da CGD - além de Maldonado Gonelha - os vogais José Santos Ramalho, Vítor Lopes Fernandes, Carlos Silva Costa, Celeste Cardona e Norberto Rosa.
FACTURA DE 2,25 MILHÕES
Em concreto, foram demitidos cinco membros da administração da CGD, uma medida que custará ao banco público mais de 2,25 milhões de euros em indemnizações. Contas feitas pelo 'Diário Económico' referem, por exemplo, que só Vítor Martins e João Freixa vão receber a totalidade dos ordenados a que teriam direito até ao final dos respectivos mandatos, que terminava no final de 2007.
São pelo menos 725 mil euros para Vítor Martins e 507 mil euros para João Freixa, sendo que este último valor ronda a indemnização a atribuir também a Luís Alves Monteiro. Já António Vila Cova e Gracinda Raposo 'baixam' a directores, pelo que têm direito a uma indemnização apenas relativa ao diferencial no ordenado. Foi o percurso inverso do de Armando Vara, que era director-coordenador da CGD e agora é promovido a vogal do Conselho de Administração do banco público.
REFORMA ABSOLUTA NO CRÉDITO
O comunicado do Ministério das Finanças justifica esta reforma na administração da CGD, banco do qual o Estado é o principal accionista, com a necessidade de reforçar a direcção do banco público e criar uma relação de maior transparência e confiança com o Estado.
O documento refere que "uma série de eventos e notícias" fragilizaram a direcção da CGD "nos últimos meses". O 'Diário Económico', sublinhando que o novo ministro das Finanças está no cargo há apenas 10 dias, conclui que esta mudança já estaria planeada pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e aponta em concreto que foi substituído na totalidade o Conselho de Crédito da CGD, que era composto por António Vila Cova, Luís Alves Monteiro e João Freixa.
A área do crédito era, talvez, a que estava a criar mais problemas internos na CGD, alvo de críticas a algumas operações feitas apesar de pareceres técnicos contrários. Alegadamente, operava-se nesta área com risco excessivo, na opinião de alguns responsáveis técnicos que, segundo o 'Diário Económico', ameaçavam demitir-se.
O mesmo diário refere ainda que a reforma da administração da CGD já havia sido pedida por Sócrates ao ex-ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, mas que este se recusava a demitir Vítor Martins. O jornal reforça este argumento - o da mudança em preparação - com os sucessivos adiamentos da Assembleia Geral de Accionistas da CGD e com o facto de na assembleia - quando se realizou - o Estado não ter aprovado um voto de louvor à direcção que é agora remodelada.
Esta remodelação não foi bem acolhida pelo presidente do PSD e líder da Oposição parlamentar, Marques Mendes. Em declarações ao 'Diário Económico', Marques Mendes comentou que esta medida é - e citamos - "um acto descarado de saneamento político".
"Lamentamos este clima de controvérsia pública em que se encontra envolvida a CGD, uma instituição que opera num sector tão sensível" Pedro Melo (CDS-PP)
"Para quem fala tanto em rigor e credibilidade é estranho que opte por uma pessoa que já se viu obrigada a demitir do Governo devido aos escândalos na Fundação de Prevenção e Segurança" Jorge Cordeiro (PCP), sobre Armando Vara
"O Bloco de Esquerda manifesta a sua indignação pela utilização desta empresa de capitais públicos para o pagamento de favores partidários" BE (comunicado)
"Não só não é do conhecimento público nenhuma experiência profissional relevante de Armando Vara na administração bancária, como o governo, a remodelar a administração da CGD, deveria anteceder essa decisão com uma explicação pública da sua estratégia para o banco do Estado" BE (comunicado)
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