"Agora temos hipótese de defesa”
Elementos da PJ são testemunhas de Gonçalo Amaral.
"Não sou um outsider que fala sozinho. Outras vozes vão falar amanhã [hoje] em tribunal e mostrar que o que está no livro ‘A Verdade da Mentira’ é uma opinião técnica e fundamentada sobre o caso, não um devaneio meu."
Gonçalo Amaral, responsável pela investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann a 3 de Maio de 2007, refere-se a antigos colegas, altos-responsáveis da Polícia Judiciária que hoje estarão na 7ª Vara Cível de Lisboa para depor na contestação à providência cautelar interposta pelos McCann, que proibiu o antigo coordenador da PJ de defender a tese de morte da criança, quer em livro, quer em declarações à Imprensa, quer 'em pensamentos em voz alta', lamenta Amaral.
Na lista de testemunhas arroladas por Gonçalo Amaral para comprovar que o livro é fiel à investigação, no que diz respeito à tese de morte da criança, estão, entre outros, o director nacional adjunto da PJ, Luís Neves, o ex-responsável pela PJ de Faro, Guilhermino Encarnação, o inspector-chefe Tavares de Almeida e o inspector Ricardo Paiva. Por confirmar está a presença do criminalista e ex-inspector Francisco Moita Flores.
'Temos agora a possibilidade de nos defendermos, de mostrar que no livro que escrevi não ofendi ninguém de forma irresponsável. Está tudo no processo.' Recorde-se que no livro ‘A Verdade da Mentira’ Amaral defende que Maddie terá morrido no apartamento do Ocean Club e não que tenha sido raptada por estranhos. Os investigadores arrolados dirão em tribunal se Gonçalo Amaral tinha razões para afirmar no livro que Kate e Gerry têm responsabilidades no caso. Tal como o CM avançou, a investigação da PJ comprovou que era quase impossível entrar no apartamento e raptar a criança.
Presente na audiência de hoje estará o casal McCann, com quem Gonçalo Amaral garante não ter qualquer problema. 'Não devo nada a esses senhores. Estão cá para o show-off, para manter a imagem que têm em Inglaterra', acusa, antes de anunciar o passo seguinte. 'Eles que se cuidem. Muito em breve terão a resposta adequada. Hei--de processá-los pelo que fizeram à minha família.'
Numa nota enviada ontem às Redacções, a agência de comunicação que trabalha para os McCann informou que a confirmação da providência cautelar permitirá que a procura de eventuais pistas e informações que permitam chegar a Maddie não seja afectada.
AS TESTEMUNHAS DA DEFESA
NOMES SONANTES EM TRIBUNAL
O inspector-chefe Tavares de Almeida, antigo braço-direito de Gonçalo Amaral e número dois da investigação ao caso Maddie, bem como José Freitas (da Scotland Yard) também estão arrolados pela Defesa.
LUÍS NEVES
Director nacional adjunto da PJ é responsável pela Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo e participou na investigação.
GUILHERMINO ENCARNAÇÃO
Responsável máximo pela Directoria de Faro da PJ na altura do desaparecimento. Fez a primeira declaração oficial sobre o caso.
FRANCISCO MOITA FLORES
Antigo inspector da Judiciária, o criminalista trabalhou vários anos com Gonçalo Amaral. É um dos opositores à tese de rapto.
RICARDO PAIVA
Inspector, foi o oficial de ligação entre a PJ e o casal McCann. Recebeu o telefonema de Gerry a clamar inocência.
PORMENORES
CAMA FEITA
Na noite do desaparecimento , a cama onde supostamente Maddie dormia estava praticamente intocada. Só tinha uma ligeira dobra no lado direito.
JANELA COMPLICADA
Para sair com Maddie do quarto, um raptor teria de passar por cima de uma cama para aceder à janela de correr que só abre até metade. Teria deixado vestígios biológicos ou marcas de sapato.
TESTEMUNHA
Jane Tanner disse ter visto alguém no mesmo momento em que, a poucos metros, Gerry conversava com um amigo.
CÃES CHEIRAM MORTE
Cães-pisteiros detectaram odor a cadáver no quarto dos McCann, na roupa de Kate, no peluche de Maddie, bem como manchas de sangue na bagageira do automóvel.
ADVOGADO COM GRIPE A PODE ADIAR SESSÃO
A sessão da audição de testemunhas agendada para hoje na 7ª Vara Cível de Lisboa, no Palácio da Justiça, poderá não se realizar devido à gripe A. Segundo o CM apurou, o advogado António Cabrita, que defende Gonçalo Amaral, terá contraído o vírus nos últimos dias. Ontem foi informado pelos médicos de que deveria ficar de quarentena. O CM sabe que o jurista enviou ontem uma notificação para o juiz competente, dando conhecimento da situação, mas, até à hora de fecho desta edição, ainda não tinha recebido resposta do tribunal. Por essa razão a audiência deverá ser adiada hoje de manhã, obrigando testemunhas e advogados a voltar noutro dia.
NOTAS
LIVRO: 'A MORDAÇA'
Gonçalo Amaral lança hoje o novo livro ‘A Mordaça Inglesa’, da editora Planeta. 'É a resposta à providência cautelar'
DATA: COINCIDÊNCIA
A data de lançamento do livro, garante Gonçalo Amaral, 'é pura coincidência e não viola a imposição da providência cautelar'
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