Faro dos cães sinalizou morte perto da igreja

O rasto de morte marcado pelos cães ingleses começa no Ocean Club e termina na Praia da Luz, a sul do aldeamento. O mesmo foi definido pelo radiostesista sul-africano, a quem os McCann pediram ajuda em Julho, que também detectou a presença de um corpo naquela zona.

12 de setembro de 2007 às 13:00
Faro dos cães sinalizou morte perto da igreja Foto: Vítor Mota
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O CM sabe, no entanto, que a igreja, que se encontra a poucos metros do mar, nunca foi visitada pelas autoridades. Por se tratar de um local de culto existem várias reservas legais a obstaculizar uma operação de busca, tendo aquela que ser autorizada por um juiz e ser acompanhada pelo mesmo.

Vários elementos da PJ acreditam que o corpo pode ter passado por aquele local, ou mesmo estar enterrado num cemitério desactivado ali existente, o que no entanto tem sido olhado com alguma cautela pelas hierarquias judiciais, que evitam avançar para diligências ainda não suficientemente confirmadas.

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Mesmo assim, há vários factores que têm sido levados em linha de conta. O primeiro é que Gerry e Kate receberam a chave da igreja poucos dias depois do desaparecimento, podendo entrar e sair a qualquer hora. O pai de Madeleine também foi visto na madrugada de 4 de Maio nas imediações do templo com outro britânico que o acompanhava nas férias.

O CM confirmou também que Kate pediu que fosse chamado um padre após ser conhecido o desaparecimento da filha. O padre José Pacheco foi contactado no dia seguinte e foi aí que conheceu o casal. As chaves da igreja foram-lhes entregues dias depois, uma situação já criticada pelo bispo do Algarve.

Ontem a Polícia Judiciária entregou pelas 07h00 o processo sobre o desaparecimento da menina britânica. Foram cerca de dez volumes que incluíam algumas propostas dos investigadores. Propostas que terão sido ratificadas pelo procurador do Ministério Público, que de seguida as remeteu ao juiz de instrução.

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Ainda segundo apurou o CM, um dos pedidos da Judiciária de Portimão vai no sentido de que o interrogatório de Kate seja repetido. Não está ainda confirmado que o mesmo venha a ser prestado perante o juiz de instrução, mas só nessa situação é que as medidas de coacção podem ser revistas.

Fonte da Procuradoria Geral da República disse também à Lusa que uma das diligências ontem pedidas ao juiz de instrução está relacionada com a apreensão de um objecto considerado fundamental para a investigação. O magistrado terá agora dez dias para decidir a sua apeensação aos autos, altura em que o processo regressará à PJ. Até lá, continuarão a ser feitas diligências que não dependem de autorização judicial.

LIMPEZA NA VIVENDA OCUPADA PELOS MCCANN

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Ontem durante a manhã duas carrinhas de uma empresa de limpezas comprovavam o que se sabia. Os McCann deixaram definitivamente a vivenda da rua das Flores, na Praia da Luz, e regressaram à pacata vila de Rothley, perto de Londres.

Mesmo assim, a casa ainda não deixou de ser atracção turística e jornalística. São muitos os curiosos que por ali passam para tirar fotografias do local onde o casal McCann vivia enquanto os jornalistas também não abandonam a porta para verificar se as autoridades regressam.

Ontem, jornais ingleses davam mesmo como certa a possibilidade de serem feitas novas buscas naquele local, o que acabou por não se verificar.

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Recorde-se que esta foi a terceira casa ocupada pelos McCann na Praia da Luz. Madeleine desapareceu do Ocean Club e o casal chegou a estar temporariamente instalado noutro local, durante a fase inicial das buscas.

Em Julho, de forma a conseguirem maior privacidade, os McCann mudaram para a vivenda Vista do Mar, a menos de dois quilómetros do Ocean Club, no aldeamento Luz Parque, local que deixaram na madrugada do passado domingo.

ALDEIA EM OBRAS DESDE MAIO

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A Aldeia da Luz está há meses em obras no espaço público. Já o estava a 3 de Maio, quando Madeleine desapareceu do Ocean Club. Há quatro meses a frente sul do aldeamento estava esventrada, para uma intervenção de saneamento e melhoramento dos arruamentos. Também a área da parte traseira da igreja, já junto ao mar, estava com escavações para repavimentação. As obras nestas duas áreas em particular estão concluídas. Todos os buracos estão tapados. Mas noutros locais da aldeia continuam a ser feitas intervenções com escavadoras em espaços públicos.

PGR ADMITE ALTERAR MEDIDAS DE COAÇÃO

O procurador-geral da República quebrou ontem o silêncio sobre o caso Maddie e, em nota oficial, revelou que vão ser realizadas novas diligências, após as quais “se reapreciarão as possíveis medidas de coacção” aplicadas a Kate e Gerry McCann, que entretanto regressaram a Inglaterra.

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“Foi a PJ que dentro das competências próprias constituiu como arguidos os pais da menor e fixou o termo de identidade e residência, por ter entendido, com a concordância do senhor procurador competente, que no momento era a única medida de coacção possível, face aos elementos probatórios até então recolhidos”, explica a Procuradoria na nota assinada por Pinto Monteiro.

O procurador informou ainda que a investigação e o magistrado Magalhães e Meneses passarão a ter o “acompanhamento directo” do procurador-geral distrital de Évora, Bilro Verão, que nomeará ainda, para o coadjuvar, mais um procurador-geral adjunto.

A concluir, Pinto Monteiro fez questão de reafirmar “a total confiança na actuação da PJ e do Ministério Público”, revelando que isso mesmo já foi também reiterado junto do embaixador do Reino Unido.

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Depois de ontem a PJ ter apresentado ao Ministério Público um relatório sobre a investigação, o PGR explica que no prazo de dez dias será proferido despacho a determinar a realização “das diligências entendidas como necessárias” e as medidas a tomar, “designadamente no que respeita à situação dos arguidos”.

ADVOGADO DOS MCCANN APELA A SERENIDADE

“O mediatismo à volta deste caso pode prejudicar a honra das pessoas e a própria investigação”, disse ontem Carlos Pinto de Abreu, o advogado português que representa Kate e Gerry, apelando à “serenidade”.

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MINISTRO TEM PLENA CONFIANÇA NA POLÍCIA

O ministro da Justiça, Alberto Costa, manifestou ontem, em Bruxelas, “plena confiança no trabalho da PJ” no caso Maddie, considerando que a polícia portuguesa está a investigar com os meios adequados.

NOVAS PROVAS NA IMPRENSA BRITÂNICA

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A Comunicação Social britânica adiantou ontem a existência de novas provas. O ‘Daily Mail’ noticiou cabelos de Maddie e a Sky News fluídos corporais com ADN da menina no lugar da roda sobressalente.

GERRY SÓ FOI ACEITE POR SER CATÓLICO

As origens sempre foram ponto de divisão entre Kate e Gerry, a menina de famílias tradicionais e abastadas de Liverpool com um escocês de classe social inferior. Os dois cruzaram-se em Glasgow, colegas no curso de Medicina, quando Kate se hospedava em casa da tia Philomena.

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Na universidade, a mãe de Maddie era conhecida “como distante e snob, fruto de uma educação muito conservadora”, adianta ao CM fonte próxima do casal. “Ele sempre foi mais sociável e subiu a pulso”.

Gerry nunca foi muito bem aceite mas tinha a favor a Igreja: “Kate e a família sempre foram ultracatólicos”, afirma a mesma fonte.

Casaram em 1999 e mudaram-se para uma pequena casa em Leicester, vizinhos dos colegas Fiona e David Payne, um dos casais com quem passaram férias na Praia da Luz. Têm a mesma idade e só não se especializaram juntos porque Kate optou por clínica geral e o então namorado decidiu-se pela cardiologia. Gerry concluiu os estudos na Holanda, onde os McCann viveram em 2003, e Maddie nasceu em Amesterdão por fertilização in vitro. Desde o início que tentavam ter filhos.

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O casal voltou com a filha a Leicester e, dois anos depois, nasciam os gémeos Sean e Amelie – Gerry já estava bem colocado no Glenfield Hospital e era altura de comprar uma casa maior. Escolheram uma vivenda em Rothley, a pouco mais de dez minutos de carro, e “era ali que contavam criar as três crianças”, lamentam os amigos.

Brian Kennedy, tio de Kate, é quem está mais próximo do casal, o único a viver em Rothley. A família divide-se entre Londres, Liverpool e Glasgow, com uma das irmãs de Gerry, Philomena, a dar frequentes entrevistas em defesa do casal. Com o mesmo nome, também a tia de Kate em Glasgow está ao lado da sobrinha – quando Maddie desapareceu foi para a porta do Parlamento com um cartaz.

Durante um ano, entre Maio do ano passado e as férias no Algarve, o médico deixava os serviços de cardiologia, em Leicester, fazia os 13 quilómetros até à vila e parava a sua carrinha no largo do centro: adorava sentar-se no The Royal Oak. Mas o futebol e a conversa ao balcão do pub eram também parte das tardes ao fim-de-semana, enquanto Kate se entretinha com os filhos e passava discreta pela florista na porta ao lado. “Ela adora flores.” E foi por isso que na segunda-feira de manhã, quatro meses depois da partida para a Praia da Luz, Gwineth decidiu ir até à Orchard House com um balde cheio de rosas amarelas. Mas não passou da porta.

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O casal sempre fez por uma vida discreta, virados para a Igreja, família e poucos amigos. “A Kate vinha cá muito”, adianta a florista ao CM, mas nunca foi uma pessoa expressiva. “Aquela é mesmo a cara dela. Já a filha era muito observadora, lembro-me da Maddie a brincar no passeio mesmo aqui à frente. Isto é chocante para todos nós.”

Gwineth recorda uma família de médicos “respeitada pela comunidade” Foi ela a forrar a praça de flores pelo regresso da criança. Mas hoje já não arrisca opinião sobre o crime. “Com tudo o que ouvimos era impossível não haver dúvidas...”

17 MIL JÁ ASSINARAM PETIÇÃO PARA INVESTIGAR MCCANN

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Está a circular na internet uma petição dirigida à Comissão de Protecção de Menores (CPM) de Leicester a pedir que os McCann sejam investigados a fundo. O documento já foi assinado por mais de 17 mil pessoas. E alguns comentários mostram-se impiedosos com Kate e Gerry. Os assinantes não aceitam o facto de terem sido “irresponsáveis ao ponto de deixarem três crianças sozinhas fechadas num apartamento sem qualquer vigilância. “Porque é que toda a gente acha que eles não foram capazes de a matar?”, questionam. A CPM inglesa está a avaliar o casal McCann por considerarem que os gémeos podem estar em risco e vai encontrar-se com eles até ao fim da semana. Há também uma petição, com mais de 200 assinaturas, que pede ao governo inglês para congelar o fundo criado para encontrar Maddie, de modo a que este não seja usado em sua defesa jurídica. Os portugueses têm uma petição endereçada ao Governo português onde pedem que sentem o casal no banco dos réus, pois, dizem, facilitaram o rapto da criança.

"ELA CONTROLA GERRY PARA VER SE ELE AGE CORRECTAMENTE", José Cabrera Forneiro, especialista espanhol em psiquiatria forense, acredita que Kate esconde algo

Disse que Kate tem cara de poker. O que significa isso?

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José Cabrera Forneiro – A expressão facial não diz tudo, mas diz algo sobre a pessoa. Significa que não manifesta o mínimo rasgo emocional, como um jogador de poker. Creio que esconde algo.

– Está a representar?

– Creio que sim. Desde que Maddie desapareceu mantém sempre a mesma cara séria. Sempre a olhar para o marido para ver se a actuação dele é correcta. Ela controla todas as expressões emocionais de Gerry. Ele, que aparentemente controla o casal, está a esconder algo que ela sabe e ele também já sabe.

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– Como justifica a sua análise?

– Estes dados são resultado de 25 anos de psiquiatria forense e de psiquiatria judicial. Na minha vida profissional falei com mais de 500 pessoas que mataram outras. Com tanto tempo aprendemos que a expressão facial esconde coisas.

– Não a estou a culpar. Estou a dizer que esconde algo. Mas o silêncio é culpabilizador.

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– O que terá acontecido?

– Um acidente. Sem querer a menina morreu. Pensando nos outros dois filhos e na possibilidade de lhes retirarem a custódia, ocultaram a morte.

– A ida para Inglaterra...

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– Foram preparar a defesa. Denota um grande sentimento de culpa. Só não sei a causa. Não sei se sofrem por Maddie não estar ou se sofrem por algo que fizeram para que ela não esteja.

– Como analisa Kate?

– A expressão dela denota uma alteração afectiva que poderia esconder, a certo momento, uma conduta de irratibilidade. A menina chora ou faz algo mal e a mãe irrita-se. Isso é possível na personalidade dela.

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O CASO NA IMPRENSA BRITÂNICA

'SKYNEWS'

Jornalistas de todo o Mundo estão instalados à porta de casa dos McCann, em Rothley, Leicester, desde a sua chegada a Inglaterra, com o estatuto de principais suspeitos pela morte de Maddie.

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'THE BLFAS TELEGRAPH'

Casal McCann vive em profunda agonia enquanto espera por desenvolvimentos no caso do desaparecimento de Maddie. O jornal refere a existência de 40 perguntas a que o casal recusou responder.

'EVENING STANDARD'

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Pela primeira vez Gerry falou sobre o facto de o casal ser suspeito da morte da filha. Gerry afirma que “ele e Kate estão cem por cento seguros da inocência um do outro” e que vão prová-lo ao Mundo.

'THE SUN'

Pela primeira vez Gerry falou sobre o facto de o casal ser suspeito da morte da filha. Gerry afirma que “ele e Kate estão cem por cento seguros da inocência um do outro” e que vão prová-lo ao Mundo.

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'DAILY EXPRESS'

Um procurador português de Justiça considera que já existem provas suficientes do envolvimento dos pais de Maddie no seu desaparecimento para que o processo possa ser encaminhado para um juiz.

'DAILY MIRROR'

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Polícia portuguesa acredita que Kate McCann é responsável pela morte acidental da filha. Um procurador de justiça português analisou o caso, considerando que este deve ser enviado para um juiz.

GERRY PROMETE REGRESSAR

A Polícia Judiciária investigou 2500 pistas falsas. O número foi divulgado na RTP por Carlos Anjos, do Sindicato da PJ

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MCCANN REFORÇAM INOCÊNCIA

Gerry e Kate continuam a assegurar que estão inocentes. Continuam a falar de Madeleine no presente e adiantam que “nada têm a ver com o rapto”

MAIS DE SEIS MIL EUROS DE RENDA

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Os McCann mudaram-se no início de Julho para a vivenda Vista do Mar. Segundo valores médios do mercado, o total em renda será superior a seis mil euros

OITO MIL EUROS DE ALUGUER

A Renault Scénic onde foram encontrados os vestígios de Maddie esteve alugada durante 113 dias. Ao preço de tabela custou 7990 euros

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POLÍCIA AFASTA JORNALISTAS

Polícia inglesa alargou o perímetro de segurança. Os jornalistas têm de manter cem metros de distância da casa dos McCann

TIRANIA EMOCIONAL

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O comentador inglês Dominic Lawson afirmou que Kate está a ser vítima de tirania emocional por parte da imprensa

REZAR ROSÁRIO POR FÁTIMA

Brian Kennedy encomendou uma missa onde vai rezar um rosário por Maddie e em honra de Nossa Senhora de Fátima, no domingo

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CAPELÃO ATACA REPÓRTERES

Vincent Peck, capelão da Igreja Sagrado Coração de Rothley, disse numa missa que os McCann não vão rezar porque jornalistas não deixam

IMAGEM DE KATE ALTERADA

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A imprensa inglesa mudou de atitude com os McCann. A imagem de Kate deixou de ser maternal e passou a principal suspeita

CRONISTA CRITICA MCCANN

Gaunt, cronista do ‘The Sun’, diz que casal vai ter de viver com a culpa do desaparecimento da filha se for inocente

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2500 PISTAS FALSAS

A Polícia Judiciária investigou 2500 pistas falsas. O número foi divulgado na RTP por Carlos Anjos, do Sindicato da PJ

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