Sotero esconde provas em casa da sogra
Encontrados objectos e roupas de vítimas do violador em casa da mãe da namorada. Pais e companheira visitaram-no ontem de manhã na prisão.
Consciente de que podia ser detido a qualquer momento pela Polícia Judiciária, Henrique Sotero teve sempre o cuidado de apagar, na maior parte das vezes com o vestuário das vítimas, todos os vestígios das 14 violações que cometeu ao longo de dois anos. E a 5 de Março do ano passado, depois de ser detido, os investigadores foram encontrar essas mesmas roupas e outros objectos das raparigas na casa que partilhava com a namorada, no carro e também na casa da sogra, segundo consta do processo, consultado pelo CM.
Foram as roupas e os bens pessoais que o violador roubou às vítimas e que depois escondeu nesses três lugares que permitiram provar que Sotero era o predador sexual procurado desde 2008.
O violador de Telheiras começava hoje a ser julgado no Campus da Justiça, mas a sessão foi adiada a pedido do advogado de defesa de Sotero, José Pereira da Silva, por ainda não se conhecer os resultados das perícias psiquiátricas realizadas em Dezembro no Instituto de Medicina Legal de Lisboa (ver caixa).
Henrique Sotero sempre contou com o carinho dos pais e da namorada, A.S., com quem partilhava casa em Massamá há mais de três anos. Ontem, os três aproveitaram o dia de visita no Estabelecimento Prisional de Lisboa para mostrar uma vez mais o seu apoio incondicional. Estiveram na cadeia durante cerca de uma hora, e, embora tivessem chegado separados, acabaram por abandonar o local juntos.
Segundo o Correio da Manhã apurou, no dia da detenção os inspectores da Polícia Judiciária encontraram A.S. e os pais de Henrique Sotero juntos em casa. Foi a namorada, de 27 anos, quem abriu a porta, de lágrimas nos olhos.
O violador de Telheiras tinha confessado à companheira que andava a ser seguido pelos especialistas Paulo Sargento e António José Albuquerque, e esta chegou mesmo a acompanhá-lo a algumas das consultas.
"NUNCA TIVEMOS CORAGEM DE PERGUNTAR"
Foi em Massamá que Henrique Sotero viveu praticamente toda a vida. Primeiro em casa da mãe, numa rua próxima da escola secundária Stuart Carvalhais, que frequentou, e depois num T3 que comprou com a namorada. A partir do momento em que foi detido, a 5 de Março de 2010, a namorada deixou de dormir no apartamento que partilhou com Sotero por três anos. "Mas depois começou a vir passar algumas noites", referiu ao CM uma vizinha, que não quis ser identificada. "Faz a vida normal, mas nunca tivemos coragem de perguntar nada." De acordo com a mesma, A.S. "dorme alguns dias por semana no apartamento e nos outros fica em casa da mãe", ali perto.
Recentemente, houve uma reunião de condóminos para resolver um problema de humidade no apartamento de Henrique Sotero.
"ELE QUER SER JULGADO RAPIDAMENTE"
A defesa considera Sotero imputável, mas quer determinar se há algo na personalidade que o condiciona. Por isso, o psiquiatra António José Albuquerque analisou o violador, e concluiu que este padecia de uma compulsão. A defesa quer ver comprovada esta tese pelos peritos da Medicina Legal. E foi
a não conclusão destes exames que levou ao adiamento do julgamento. "O meu cliente quer ser julgado rapidamente, mas com todos os factos em cima da mesa", diz Pereira da Silva. Entretanto, o advogado foi notificado ontem de que o relatório social feito a Henrique Sotero estava concluído.
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