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BCP chegou a ter 10% do Banif (ACTUALIZADA)

O Fundo de pensões do BCP e o próprio banco tiveram 10% do Banif logo após a saída do advogado português Francisco da Cruz Martins e dos dois empresários, António Figueiredo e Eduardo Capelo de Morais, contra os quais o Estado angolano apresentou uma queixa na Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo alegado envolvimento no desaparecimento de 104 milhões de euros.
27 de Setembro de 2009 às 02:00
Empresários deram acções do banco de Horácio Roque como garantia ao banco Melo, que foi adquirido pelo BCP de Jardim Gonçalves
Empresários deram acções do banco de Horácio Roque como garantia ao banco Melo, que foi adquirido pelo BCP de Jardim Gonçalves FOTO: Fotomontagem CM

Os três foram sócios nas empresas Sopar, Invesras e Rentigest e chegaram a ter cerca de 22,5% do banco de Horácio Roque.

Ao que o CM apurou, exerceram os correspondentes direitos na assembleia geral do Banif até 1999 e começaram a reduzir a participação das empresas no banco em 2001, até as à dissolução total das mesmas em 2003. Tendo neste período, que vai de 1999 a 2003, surgido o BCP com 10% das acções do banco.

Fonte ligada ao processo de investigação do desaparecimento do dinheiro angolano, que devia ter sido usado para comprar 49% do banco de Horácio Roque, adiantou que a participação de 10% terá entrado na órbita do BCP porque o advogado e os dois empresários terão dado como garantia os títulos ao banco Melo, que foi posteriormente adquirido pelo BCP. Além disso, entre 1994 e 1999 – período entre o qual Cruz Martins, António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais adquiriram participações no Banif –, as transacções passaram, na sua maioria, por duas empresas ligadas ao Banco Espírito Santo (BES): a Compagnie Financiere Espírito Santo e o banco Internacional de Crédito (BIC). Ao todo terão também sido usadas seis offshores, algumas com contas sediadas nas empresas acima referidas.

O advogado Cruz Martins enviou relatórios ao Estado angolano em que relatou as aquisições das acções e em que referiu que as mesmas eram compradas a offshores de Horácio Roque. O comendador já disse ao CM que essas empresas nunca foram suas.

INFORMAÇÃO

ANGOLA SABE EM 2008

Só em 2008 é que Angola se apercebeu de que os milhões enviados para Portugal tinham desaparecido e que as acções adquiridas por Cruz Martins não existiam. O advogado reclamou mais de 19 milhões em honorários.

TESTEMUNHAS OUVIDAS

Os ex-governadores do BNA Amadeu Maurício, Generoso de Almeida e António Furtado foram ouvidos como testemunhas. A sociedade de advogados Amaral Blanco, Portela Duarte e Associados representa Angola.

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