Os três foram sócios nas empresas Sopar, Invesras e Rentigest e chegaram a ter cerca de 22,5% do banco de Horácio Roque.
Ao que o CM apurou, exerceram os correspondentes direitos na assembleia geral do Banif até 1999 e começaram a reduzir a participação das empresas no banco em 2001, até as à dissolução total das mesmas em 2003. Tendo neste período, que vai de 1999 a 2003, surgido o BCP com 10% das acções do banco.
Fonte ligada ao processo de investigação do desaparecimento do dinheiro angolano, que devia ter sido usado para comprar 49% do banco de Horácio Roque, adiantou que a participação de 10% terá entrado na órbita do BCP porque o advogado e os dois empresários terão dado como garantia os títulos ao banco Melo, que foi posteriormente adquirido pelo BCP. Além disso, entre 1994 e 1999 – período entre o qual Cruz Martins, António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais adquiriram participações no Banif –, as transacções passaram, na sua maioria, por duas empresas ligadas ao Banco Espírito Santo (BES): a Compagnie Financiere Espírito Santo e o banco Internacional de Crédito (BIC). Ao todo terão também sido usadas seis offshores, algumas com contas sediadas nas empresas acima referidas.
O advogado Cruz Martins enviou relatórios ao Estado angolano em que relatou as aquisições das acções e em que referiu que as mesmas eram compradas a offshores de Horácio Roque. O comendador já disse ao CM que essas empresas nunca foram suas.
INFORMAÇÃO
ANGOLA SABE EM 2008
Só em 2008 é que Angola se apercebeu de que os milhões enviados para Portugal tinham desaparecido e que as acções adquiridas por Cruz Martins não existiam. O advogado reclamou mais de 19 milhões em honorários.
TESTEMUNHAS OUVIDAS
Os ex-governadores do BNA Amadeu Maurício, Generoso de Almeida e António Furtado foram ouvidos como testemunhas. A sociedade de advogados Amaral Blanco, Portela Duarte e Associados representa Angola.