Conflito por causa de negócio de café terá levado Claude Inácio, de 38 anos, a degolar Sandrina, um ano mais nova, dentro de casa.
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O casal com três filhos menores tinha aberto recentemente um café e, pelo que a investigação da PJ tinha até ontem apurado, na origem da tragédia estiveram conflitos relacionados com o negócio. Porque de resto pareciam uma família feliz, até à madrugada de ontem, quando Claude Inácio, 38 anos, pegou numa faca e degolou a mulher, Sandrina, 37 anos, que se esvaiu em sangue.
Mata mãe dos três filhos à facada nas Caldas da Rainha
O homicídio ocorreu na residência onde moravam, na aldeia de Chão da Parada, Tornada, Caldas da Rainha, enquanto as crianças dormiam. Claude chegou a casa pelas 2 da manhã e matou a mulher sem a mínima hipótese de defesa. Depois usou a mesma arma para se tentar suicidar, com golpes no peito e no pescoço, e ficou em estado crítico. "Deparei-me com um cenário horrível.
Desentendimentos todos temos, mas assim não", disse ao CM a irmã da vítima, Paula, assegurando que não havia historial de violência doméstica. Claude e Sandrina estavam casados há mais de 15 anos, tendo tido três filhos, dois rapazes de 2 e 13 anos e uma rapariga com 9.
Os menores dormiam noutra divisão e não se aperceberam – o crime ocorreu na sala, à entrada da casa.
Claude telefonou a um irmão depois de matar a mulher e, quando este chegou à casa, já encontrou os dois corpos estendidos.
Chamou as autoridades. Entretanto o homicida deixou uma carta, entregue à PJ. A família não conhece o conteúdo.
Mãe da vítima em choque com morte da filha
Entre todos, não há consenso quanto às causas do crime. A irmã de Sandrina acredita que se "desentenderam devido ao negócio que abriram e que não estava a correr como pretendido" - um café-pastelaria em atividade desde outubro na cidade das Caldas da Rainha –, mas a mãe da vítima, Maria do Rosário sustenta que "se tivessem problemas financeiros diziam e a minha filha contava-me que ainda dava para orientar a vida".
Gravemente ferido e transportado de helicópteroO suspeito do homicídio da mulher, Claude Inácio, tentou depois colocar termo à vida com vários golpes de arma branca. Foi assistido pelos Bombeiros das Caldas da Rainha e transportado para a unidade hospitalar da cidade. Seria depois transferido de helicóptero para o hospital de Coimbra, em estado muito grave, tendo sido operado.
O corpo da mulher foi levado para o Gabinete Médico-Legal Forense do Oeste, em Torres Vedras, para ser autopsiado.
Três filhos recebem apoio psicológico
Os três filhos do casal estão a receber apoio psicológico de uma equipa do INEM. Os técnicos acordaram as crianças e levaram-nas pelas traseiras para evitar que vissem o cenário macabro na sala da sua casa.
"As crianças não se aperceberam"
Paula Cristina, irmã da vítima mortal e tia dos três filhos do casal garante que à hora em que aconteceu o crime os menores estariam a dormir e não deram por nada. "Eles não se aperceberam de nada, estavam todos a dormir", disse ontem ao CM a familiar.
Café fechado com esclarecimento de "falecimento"O café Claude, com o nome do homicida, que o casal explorava na urbanização Cidade Nova, no centro da cidade das Caldas da Rainha, esteve ontem fechado ao público. Um papel na porta dava conta de estar "encerrado por falecimento".
"Os meus netos pensam que a mãe está a dormir" A mãe de Sandrina Inácio estava ontem inconsolável com a súbita morte da filha e sem saber como dar a notícia aos netos. As três crianças foram retiradas de casa por uma equipa do INEM e entregues aos avós paternos.
"Para eles, a mãe está a dormir e o pai tem um ‘dói-dói’ e está no hospital. Não deram por nada e não fazem ideia do que aconteceu", contou ontem, entre lágrimas, Maria do Rosário Costa ao CM, adiantando que esteve com a filha há uma semana e ela não lhe relatou qualquer problema ou dificuldade de maior. "O negócio do café ia devagarinho, por estar no início, mas nada de preocupante", contou a mãe da vítima, que não encontra explicação para o tresloucado ato criminoso do genro, Claude Inácio.
"Era um casal amigo e ainda no domingo andavam aos beijinhos no café", contou. "Não consigo entender o que se passou", disse, descartando a possibilidade de um crime por ciúmes. Entre os clientes do café, na urbanização Cidade Nova, nas Caldas da Rainha, também faltam explicações para o que aconteceu: "Eram pessoas excelentes, educadas para os clientes, não sei o que aconteceu", disse Martinho Torres, amigo do homicida há dez anos.
Sandrina tinha estado no café a trabalhar e foi para casa fazer o jantar para os filhos. O marido foi quem fechou o estabelecimento, que tem horário até às duas da manhã, mas foi encerrado um pouco mais cedo, e dirigiu-se para o lar. "Eles tinham um relacionamento muito bom. É inacreditável. Isto não tem fundamento", lamentou José Caetano, tio da vítima, que quando entrou na habitação e viu o rasto de sangue na sala ficou completamente transtornado.
Tio de mulher morta por marido está chocado com o crime
Alda Contente, vizinha, garante que eles eram "um casal exemplar: muito amigos entre eles e com os filhos".
SAIBA MAIS
18
mulheres foram assassinadas este ano em contexto de violência doméstica, segundo dados da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR). Sandrina Inácio é a 18ª vítima.
Quarta tragédia este mês
Sandrina Inácio é a quarta mulher morta pelo marido ou ex- -companheiro este mês. No dia 1, um homem matou a mulher em Vila Nova de Gaia. No Porto e em Amarante foram estranguladas duas mulheres e os corpos encontrados dias depois, no dia 8.
Menos mortes
No ano passado, 22 mulheres foram assassinadas às mãos de ex-companheiros ou maridos, menos vítimas mortais do que o registado em anos anteriores (45 em 2014 e 29 em 2015).
Atleta mata advogada
Ilídia Macedo, advogada de 36 anos, foi morta à facada em abril deste ano, pelo ex-companheiro, Valter Moreno, antigo campeão ibérico de atletismo pelo Sporting, de 43 anos.
Perfil da vítima
Segundo a Associação Portuguesa da Apoio à vítima (APAV), a maioria das vítimas é do sexo feminino (81,9%), tem em média 49,9 anos, é casada (28,6%), tem formação no Ensino Superior (7,4%) e está empregada (28,7%). A maioria é casada com o autor do crime (26,3%).
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