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Artigo exclusivo

Perde visão a trabalhar no Algarve e sobrevive com 240 euros por mês por demora na Justiça

Engenheiro civil atropelou operário numa via cortada ao trânsito. Tinha taxa de álcool de 2,29 g/l.

05 de janeiro de 2021 às 01:30

Josué Ferreira foi atropelado quando trabalhava numa vala aberta numa rua cortada ao trânsito nos dois sentidos e devidamente sinalizada. O acidente ocorreu a 6 de março de 2014, pelas 17h30, e o engenheiro civil que o atropelou acusou uma taxa de álcool no sangue de 2,29 g/l.

Nuno Gandola, engenheiro na Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, está há seis anos acusado de um crime de ofensa à integridade física grave por negligência e condução de veículo em estado de embriaguez, mas o julgamento ainda decorre. Enquanto não há decisão, a vítima, que tem um filho a estudar, sobrevive com 240 euros por mês. A indemnização depende da decisão judicial.

A pensão foi atribuída em 2016, pelo Tribunal de Trabalho da Maia, que deu como provada a incapacidade absoluta de Josué Ferreira para o trabalho. O operário da construção civil, na altura com 35 anos, sofreu diversos traumatismos no tórax e na face. Ficou com apenas dez por cento de visão. Vê vultos e sombras. Não conduz e precisa de ajuda da família para grande parte das tarefas diárias.

Residente na Vila das Aves, no concelho de Santo Tirso, a vítima tem ainda de suportar as despesas das deslocações até ao Algarve, para o julgamento, que dura há quatro anos. “São 600 quilómetros para cada lado e muitas vezes para sessões que nem chegam a acontecer. O cidadão comum não entende isto e nós também não podemos aceitar que se prolongue por muito mais tempo”, atirou o advogado Manuel Nascimento, num misto de indignação e revolta.

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