O Santuário de Fátima lucrou milhões com as aplicações que fez no Banco Privado Português (BPP) entre 2004 e 2006. Segundo apurou o CM, o Santuário chegou a ter aplicados no banco de João Rendeiro cerca de 30 milhões de euros em activos financeiros, distribuídos por fundos de investimento private equity) e produtos de ‘retorno absoluto’, de que resultou um lucro de sete milhões de euros em dois anos.
A conta do Santuário foi parar ao BPP depois de João Rendeiro ter contratado, em 2004, o gestor bancário que tratava dos investimentos de Fátima na Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Com aquela contratação, João Rendeiro garantiu que as aplicações financeiras do Santuário fossem ‘desviadas’ para os cofres do BPP. Tal como aconteceu com outros grandes clientes do BPP, o dinheiro do Santuário foi utilizado para a compra de activos financeiros através do BPP Cayman. As aplicações foram desmobilizadas em 2006, para o pagamento das obras da nova basílica.
Entretanto, a nova administração do BPP, liderada por Adão da Fonseca, revelou ontem aos clientes do ‘retorno absoluto’ que os activos passíveis de integrar o futuro Fundo Especial de Investimento (que vai juntar todas as poupanças dos clientes) valem 1100 milhões de euros, quando o valor inicialmente investido pelos clientes foi de 1086 milhões de euros. O que significa que o valor nominal líquido dos activos do ‘retorno absoluto’ com garantia é superior ao capital garantido aos clientes do banco.
No entanto, a administração do BPP ressalva que “o facto de os valores nominais dos títulos serem suficientes para fazer face ao capital inicialmente investido pelos clientes não significa que a carteira seja bastante para pagar a totalidade da dívida que o banco contraiu para com os seus clientes aquando da formalização dos contratos, pois os cálculos não levam em conta os eventuais incumprimentos (totais ou parciais) de nenhum título e não incluem os juros contratados.
PORMENORES
EMISSÃO ANULADA
A nova administração anulou a emissão de obrigações subordinadas no valor de 35 milhões de euros, por ter detectado vários defeitos de informação no prospecto de colocação.
AMORTIZAÇÕES
Entre Setembro e Novembro de 2008 foram amortizados mais de 250 milhões de euros que estavam colocados em veículos de ‘retorno absoluto’, o que permitiu fazer face aos resgates dos clientes do BPP.
REGRAS DO NOVO FUNDO ENVIADA PARA A CMVM
As regras do contrato do futuro Fundo Especial de Investimento (FEI) deverão ter sido entregues ontem junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para aprovação. O banco depositário do fundo será o Banif e a entidade gestora a Privado Fundos.
Como se trata do primeiro fundo em Portugal constituído com entradas em espécie (o conjunto dos títulos que compõem os vários veículos de investimento), é necessário que exista uma certificação realizada por uma entidade externa. A garantia de capital continua assegurada.
DISCURSO DIRECTO
'HÁ DEZENAS DE CLIENTES QUE NÃO ACEITAM O FUNDO', Luís Miguel Henrique Advogado de clientes do BPP
Correio da Manhã – O Banco Privado Português (BPP) revelou ontem que o valor dos activos passíveis de integrar o megafundo é superior ao montante inicialmente investido pelos clientes. São boas notícias?
Luís Miguel Henrique – Nem boas nem más. É exactamente o que já sabemos. Há que ter em atenção que se trata do valor nominal e que pode não vir a cobrir tudo, porque está dependente de uma série de condições e pressupostos que ninguém pode garantir que se venham a concretizar.
– Mas os clientes estão disponíveis para participar neste megafundo?
– Ainda falta termos o prospecto para percebermos todas as condições do megafundo. Como não conheço, não sou nem contra nem a favor. E na associação vamos aconselhar cada cliente conforme o seu perfil. Há diferenças entre um cliente com um milhão de euros que sabia o que estava a assinar e as poupanças de 150 mil euros de alguém que não sabia o que estava a subscrever. Mas posso dizer-lhe, já à partida, que há dezenas de clientes que não vão aceitar o megafundo. Já têm a sua opinião formada e não vão voltar atrás.
– Quais são as soluções para quem não quiser participar no megafundo?
– Está por saber. Não podemos aceitar uma solução que não diferencie os diferente clientes. Vamos obrigar alguém que subscreveu um produto que não tinha risco a aceitar agora um risco? É que o megafundo tem um risco. É um risco controlado, mas, mesmo assim, é um grande passo para quem nunca investiu em aplicações de risco. Quem não está disponível para o risco que faz? Há que recordar que quando se tenta encurralar as pessoas para um canto tem de se estar preparado para a resposta.
– Para quando é que espera ter o prospecto final da construção do megafundo?
– Não me quero comprometer com prazos, mas acredito que nas próximas duas a três semanas haja novidades.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.