João Ferreira considera que a Linha Circular do metro de Lisboa é um erro
Candidato da CDU viajou de autocarro e metro para demonstrar a falta de investimento nos transportes públicos.
O candidato da CDU (PCP/PEV) à Câmara de Lisboa, João Ferreira, viajou esta segunda-feira de autocarro e de metro para demonstrar a falta de investimento nos transportes públicos e reiterar que criar uma Linha Circular no Metropolitano é um erro.
A ação de campanha aconteceu depois de um debate sobre Lisboa na Antena 1, sem a presença dos também candidatos Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/IL) e Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), o que levou João Ferreira a considerar que "não têm estofo" para governar a cidade.
"Constato que tanto Carlos Moedas, como Alexandra Leitão, têm aproveitado de alguns espaços em que não estou para me trazer ao debate ou à conversa. Sou de alguma forma o ausente presente. Lamentavelmente, quando podem estar comigo a debater o futuro da cidade de Lisboa, primam pela ausência, um e o outro, como hoje aconteceu", disse, referindo-se a um debate na televisão para o qual João Ferreira não foi convidado.
"Eu percebo que uma campanha eleitoral é exigente, os debates são exigentes, mas, francamente, quem não tem estofo para uma campanha e para debates exigentes, mais dificilmente terá estofo para as exigências de uma governação da cidade durante quatro anos", acrescentou.
Na viagem desta tarde, a comitiva da CDU começou por seguir de autocarro, junto ao Colégio Militar, apanhou depois o metro em Telheiras (Lumiar), saindo na estação do Campo Grande, num percurso total superior a meia hora, que pretendeu demonstrar "os perigos que pesam sobre a mobilidade na cidade" se, "como defende o PS" e, "em certa medida, o PSD", for concretizada a Linha Circular do Metropolitano de Lisboa.
Segundo João Ferreira, a Linha Circular "quebrará a ligação direta que esta segunda-feira têm ao centro da cidade largas dezenas de milhares de lisboetas" de freguesias como o Lumiar e Santa Clara, além de "outros tantos que vêm de concelhos limítrofes", como Odivelas, porque passam a ter de fazer transbordo "no Campo Grande e esperar por outro metro para, então, depois sim, apanhar o metro para as zonas centrais da cidade".
"Há um transbordo adicional onde hoje não existe. Nós sabemos que, por cada transbordo adicional, perde-se uma determinada quantidade de passageiros que potencialmente fariam aquela viagem de transporte público", disse, destacando estimativas de perdas de cerca de 10% dos passageiros por transbordo adicional.
João Ferreira considerou ainda que, com este modelo, vão concentrar-se "os meios na Linha Circular para servir fundamentalmente os interesses" ligados aos setores imobiliários e ao turismo, e todos os restantes circuitos passarão a ser "ramais periféricos, que vão desaguar" na linha principal, e que terão "ainda menos meios" do que os que existem esta segunda-feira.
"Portanto, vamos ter um pior serviço, vamos desincentivar o uso do transporte público, em lugar de incentivarmos", disse.
Contudo, acrescentou, "ainda é possível" evitar este erro.
"Há uma parte do que está feito que já não conseguimos reverter. O que é que podemos reverter? Não fechar o círculo e pôr a linha a funcionar em laço", defendeu.
"Em lugar de estarmos a utilizar o investimento na rede de metro para promover o uso do transporte público, estamos a gastar recursos que podiam e deviam ser melhor empregues noutros desenvolvimentos de rede: no prolongamento da Linha Verde até à Linha Azul, no prolongamento do metro até à Alta de Lisboa, no prolongamento do metro para as zonas ocidentais da cidade, não só Alcântara, mas a Ajuda e Belém também", argumentou.
Como exemplo do plano da CDU para os transportes da cidade, João Ferreira apontou ainda que a viagem de autocarro entre o Colégio Militar e a estação de metro de Telheiras (Lumiar), que esta segunda-feira demorou cerca de 15 minutos, poderia ter sido feita em seis minutos, se houvesse "uma ligação da estação de Telheiras [estação terminal da Linha Verde] à Linha Azul, algures entre Pontinha e o Colégio Militar, que é onde está prevista a ligação das duas linhas".
"Aumentaríamos muitíssimo as possibilidades de mobilidade nesta coroa periférica norte da cidade", acrescentou.
Nas eleições autárquicas de domingo, concorrem à presidência da Câmara de Lisboa: Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/IL), João Ferreira (CDU-PCP/PEV), Bruno Mascarenhas (Chega), Ossanda Líber (Nova Direita), José Almeida (Volt), Adelaide Ferreira (ADN), Tomaz Ponce Dentinho (PPM/PTP) e Luís Mendes (RIR).
Atualmente, o executivo municipal integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" - PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" - PS/Livre, dois da CDU e um do BE.
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