Rui Tavares acusa Montenegro de não conseguir manter uma história certa do princípio ao fim
Em causa está o facto dos procuradores responsáveis pelo caso da empresa Spinumviva considerarem que deve ser aberto um inquérito-crime ao primeiro-ministro.
O porta-voz do Livre acusou esta quarta-feira o primeiro-ministro de não conseguir "manter uma história certa do princípio ao fim" e de ter "um caso não muito sério com a verdade", em reação às notícias sobre a empresa Spinumviva.
"Ai, Luís Montenegro e as suas histórias mal contadas. É extraordinário, porque ainda há pouco ouvi a reação do Luís Montenegro a esta história. Então ele reagiu com tranquilidade, com estupefação e com revolta. É que nem aqui a história é a mesma durante três palavras seguidas", acusou Rui Tavares.
O porta-voz do Livre falava à margem de uma ação de campanha para as eleições autárquicas de domingo em Oeiras, acompanhado pela coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, e comentava a notícia avançada pela CNN Portugal de que os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva sobre a Spinumviva consideram que deve ser aberto um inquérito-crime ao primeiro-ministro, que será decidido pelo procurador-geral da República.
Na terça-feira, em Albufeira, o primeiro-ministro disse estar "estupefacto e revoltado" com o teor das notícias divulgadas sobre o caso Spinumviva e falou mesmo "em pouca vergonha", dizendo aguardar a "análise e o juízo do Ministério Público".
"Está tranquilo, está revoltado, está estupefacto, porque Luís Montenegro não escolhe uma história a direito e não nos conta uma história a direito do princípio até ao fim, elas têm que estar sempre a mudar, porque evidentemente há sempre qualquer coisa que não está ali completamente certo", criticou Rui Tavares.
O líder do Livre considerou ainda que o primeiro-ministro e líder do PSD "não tem uma relação com a verdade, tem um caso com a verdade, e não é um caso muito sério".
"É pena, mas é com isto que nós temos de conviver e é isto que nós estaremos para também ajudar a desmontar", considerou.
Interrogado sobre se o primeiro-ministro terá condições para se manter no cargo caso seja aberto um inquérito-crime, Tavares disse que comentará esse cenário se ele surgir, mas realçou que "esta história nunca ficou bem explicada".
"Luís Montenegro conseguiu fazer ali uma operação de alguma chantagem política em fazer dos eleitores nas últimas eleições juízes. Cada coisa no seu lugar, os eleitores decidem um determinado tipo de coisa, os juízes decidem outra e eu espero que toda a gente respeite as investigações e toda a gente respeite o caminhar da justiça em relação a este caso", acrescentou.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu esta quarta-feira que a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva está em curso e o Ministério Público aguarda ainda documentação, pelo que a averiguação continua.
"Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio", refere um comunicado da PGR.
No final de setembro, o Procurador-geral da República (PGR) afirmou que o Ministério Público pediu mais documentação ao primeiro-ministro para poder finalizar a averiguação preventiva sobre os negócios da sua empresa familiar Spinumviva, caso na origem da demissão do primeiro executivo que liderou, em março do ano passado.
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