Um bairro onde os moradores colaboram para recuperar e melhorar o espaço público e proporcionar uma utilização saudável do mesmo, quer através da criação de espaços verdes, de zonas de lazer, de locais para a prática desportiva, de pontos de leitura, de encontro e de convívio.
É assim o Bairro de Santana, com dois mil residentes, que quer passar a ser uma zona de Peniche em que a vivência em comunidade seja mesmo algo seguido à letra, desenvolvendo soluções de embelezamento das ruas com os habitantes e levando-os a participar ativamente na sua concretização.
“A intenção é as pessoas sentirem que é possível colaborarem na resolução de problemas e alegrarem o local onde vivem, sem terem de esperar que as autarquias façam”, relatou Pedro Reis, responsável da iniciativa Rua Mais.
O Bairro de Santana luta para não ser um aglomerado de edifícios que servem apenas como dormitórios e de ruas para estacionar carros. No Largo dos Galeões, onde estavam as duas únicas árvores entre milhares de metros quadrados de betão e alcatrão, começou-se a recuperar o espaço. Aproveitaram-se dois bancos de jardim e criou-se uma zona de confraternização e bem-estar, e uma cabine telefónica foi transformada em biblioteca, onde qualquer pessoa pode ler os livros disponíveis.
Em redor, o campo de jogos está a ser apetrechado para permitir atividade física e movimento para todos.
Várias gerações envolvidas
Luísa Inês, residente há mais de vinte anos no Bairro de Santana, afirma sentir que esta iniciativa “dá outra vida e uma identidade ao bairro”. “É um projeto que envolve várias gerações, desde as crianças aos idosos, e fazem-se muitas atividades de grupo”, aponta, comentando: “Gosto deste tipo de vida em comunidade”.
“Espaços inativos passaram a ter equipamentos coletivos e dão outra perspetiva ao bairro, que há alguns anos tinha problemas na área social, nomeadamente toxicodependência, que assim se vão dissipando”, refere, sendo de opinião que, acrescenta, “é uma ideia que pode ser exemplar e replicada noutros bairros”.
Toda a ajuda é bem vinda e acolhida
Cada morador tem competências e conhecimentos que podem ser usados ao serviço do bairro, seja um pedreiro que faz um muro ou um arquiteto que desenha intervenções.
Há quem ajude na horta comunitária, outros na plantação de árvores. Manni Reis, 11 anos, colaborou na construção das rampas de skate no campo.
"Contribuir para mudar o mundo", com Pedro Reis, coordenador do Rua Mais
Como é que motivaram os moradores do bairro?
Demos início a conversas e atividades com os vizinhos que nos permitiram detetar quais as maiores necessidade e desejos, e através de pequenas ações demonstrámos o efeito que podem ter na nossa vida: ruas mais limpas, bonitas e vivas.
Colocaram em prática o verdadeiro significado de viver em comunidade?
Conseguimos muitos aliados que sentem confiança e que é possível melhorar as nossas ruas. Desde então observámos uma evolução na forma como as pessoas voltaram a relacionar-se entre elas e com o espaço público.
Até onde pode chegar esta partilha?
Vai-nos permitir tornar uma inspiração para o resto da cidade, que está atenta ao que fazemos. Transformar o Bairro de Santana num modelo que inspire e apoie a transformação de outros bairros, através da participação ativa das pessoas.