Indígenas querem tratar da floresta numa COP sem acordo fechado
Ministra do Ambiente reuniu-se com Lula da Silva e António Guterres.
“Queremos mais árvores na floresta, nós somos os guardiões da floresta”, diz ao CM Ira Puro Pataxó. Tem 24 anos e demorou quatro dias a chegar a Belém para a COP30, no Brasil. A cara pintada e as penas que utiliza - “urataka” nas suas palavras - são parte do modo de vida que traz aqui. “Viemos divulgar a nossa arte e conhecimentos ancestrais e pedir que ouçam mais os povos da floresta”, conta-nos enquanto olha para o artesanato que vende à porta de um dos pavilhões da Cimeira do Clima. São perto de cinco mil os indígenas que estão por estes dias em Belém. Alguns veem a subida do nível dos rios e do mar levarem casas, outros veem os rios vazios.
“A floresta existe porque vive lá gente que não a destrói”, diz ao CM a eurodeputada Catarina Martins, que defende que se devia “financiar as populações” e não os que poluem muito “para poluir um bocadinho menos”. “Em Portugal precisamos de financiar a pequena agricultura” que existe “nos locais que acabam por ter grandes incêndios”, explica.
Na ausência de potências como os EUA e a China, a União Europeia tenta não perder terreno. “A UE não pode tirar o pé do acelerador”, considera Lídia Pereira, eurodeputada eleita pelo PSD e chefe da delegação do Parlamento Europeu. Admite que ainda está tudo em aberto para um acordo mas garante que a UE “é vista como “líder global no combate às alterações climáticas. “Portugal é um dos países mais afetados pelas alterações climáticas”, diz a parlamentar, recordando os últimos eventos climatéricos. Mas mais do que acordos, Lídia Pereira diz que é tempo de “ação”.
À margem da COP, a ministra do Ambiente reuniu-se com António Guterres e Lula da Silva. Maria de Graça Carvalho sublinha o encontro “emotivo” com o presidente brasileiro e diz que Lula apelou a um acordo e defendeu que é “responsabilidade” dos políticos encontrarem um consenso, já que foram “eleitos para o bem das pessoas” e que o “bem do clima é o futuro das gerações”.
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