Regras importas pela pandemia está a causar quebras "gigantes" aos concessionários de praia.
O mês de agosto costumava ser sinónimo de 'sunsets' e festas de verão na Costa de Caparica, em Almada, mas a proibição dos eventos está a causar quebras "gigantes" aos concessionários de praia, que falam em "ano perdido".
"Felizmente, a Costa de Caparica tem tido algumas cargas e as pessoas têm vindo, mas tudo o que são eventos não podemos fazer porque não é permitido e nós cumprimos a lei", disse à Lusa João Carreira, proprietário do Waikiki, um dos restaurantes mais conhecidos da Costa de Caparica, no distrito de Setúbal.
Ao final de um dia quente de verão, este bar da praia da Sereia era um dos mais procurados pelos banhistas para um 'sunset', mas a pandemia da covid-19 trouxe uma nova realidade que tem prejudicado a faturação.
"Isto é um ano atípico e os concessionários estão com quebras gigantes porque não podem fazer eventos ou festas", referiu.
Com várias espreguiçadeiras convidativas na areia e com vista para o mar, este tipo de estabelecimentos também eram procurados para casamentos e jantares de grupo ou de empresas, mas tudo isto tem sido proibido.
"É muito penalizador para os empresários desta área, que só têm aqui dois meses ou três para funcionarem em pleno", apontou.
Estas duas praias situam-se na zona da Estrada Florestal, mas os 11 concessionários da frente urbana da Costa de Caparica também têm sentido a mesma dificuldade.
"Estamos contingentados com o horário de fecho à 01:00, mas não podemos fazer festas, não pode haver barulho, não pode haver música e não podemos vender álcool, por isso, a festa não acontece", mencionou Acácio Bernardo, presidente da Associação de Apoios de Praia da Frente Urbana da Costa de Caparica.
Segundo o responsável, no início do verão, os empresários tinham pedido à Direção-Geral da Saúde (DGS) para que os espaços exteriores pudessem ser utilizados para festas, mas "não aconteceu e é impossível acontecer este ano", o que traz mais dificuldades numa altura já difícil.
"Este ano é um ano perdido e provavelmente alguns concessionários não vão ter capacidade de aguentar. Eu sinceramente vivo mais ou menos controlado, com algum fundo de maneio, a idade permite-me isso, mas com certeza há concessionários que vão ter que fechar", considerou.
Para este cenário, tem contribuído também a fraca afluência dos utentes às praias desta zona, que tem registado apenas cerca de 30% da ocupação, indicou Acácio Bernardo.
"A bandeira verde que içámos no dia 01 de junho, que significa praia vazia ou com possibilidades de acesso, continua igual. Não a alterámos durante este tempo todo e faltam turistas. As pessoas da zona da Grande Lisboa vêm, mas em número muito pequeno", indicou.
Neste sentido, Acácio Bernardo criticou a falta de ajudas das várias entidades ligadas ao turismo, como a Câmara Municipal de Almada ou a Capitania do Porto de Lisboa.
"A ajuda foi zero, as dificuldades e os encargos que tínhamos no ano passado e este ano são iguais, mas efetivamente a economia não é igual", afirmou.
Falta cerca de um mês para terminar a época balnear nesta zona do país e a esperança destes empresários é que a Capitania do Porto de Lisboa "faça qualquer coisa no sentido de reduzir os efetivos", mais propriamente o número de nadadores-salvadores, que correspondem a uma despesa de 15 mil euros por concessionário.
Já para setembro, não espera "nada de extraordinário" porque o número de turistas tem tendência a diminuir com o fim das férias e o regresso às aulas.
"É mantermo-nos calmos, serenos, cumprindo as regras da DGS, o distanciamento, a higienização maior e vamos encolhendo os ombros porque não podemos lutar contra um monstro. Isto é um monstro que aconteceu na nossa vida", lamentou.
Concessionários de praia contrataram menos 50% nesta época balnear
Este verão, os concessionários de praia contrataram menos funcionários, cerca 50%, por causa da pandemia da covid-19, da redução da afluência e até dos elevados custos de assistência a banhistas.
"Em termos de pessoal para trabalhar nas praias temos menos perto de 50% de contratações em relação aos anos anteriores, porque, de facto, não foi preciso tanta gente", revelou à Lusa o presidente Federação Portuguesa de Concessionários de Praia, João Carreira.
O responsável falava na praia da Sereia, em Almada, no distrito de Setúbal, onde é proprietário do restaurante Waikiki, numa manhã que se tornou ilustrativa das suas palavras devido à falta de sol e à pouca afluência das pessoas.
Esta tem sido uma característica deste verão "diferente", causado pela pandemia da covid-19, mas João Carreira relatou que, a nível nacional, o número de utentes nas praias "melhorou substancialmente" em julho e agosto.
"No Algarve, felizmente, melhorou imenso a partir da segunda quinzena de julho. Melhorou muito e temos muitos turistas, nomeadamente espanhóis e alemães. Não direi todo o Algarve, mas, de facto, neste momento está com uma ocupação muito boa", adiantou.
Já no Norte, o mês de julho foi "razoável" e não se pode comparar com anos anteriores, até porque a época balnear iniciou-se mais tarde, em 27 de junho, e termina já no dia 30 de agosto.
"É um ano atípico e, de alguma forma, é um ano negativo para todos os concessionários de praia", considerou.
Segundo João Carreira, a época balnear está marcada por quebras na faturação e as elevadas despesas com a assistência a banhistas também dificultaram a vida dos empresários.
"A segurança das pessoas nas praias são todos os nadadores-salvadores que se encontram no litoral, que são contratados pelos concessionários, e, apesar de ser um tempo de covid-19 e as faturações serem muito menores, os concessionários é que contratam e dão segurança nas praias", explicou.
No entanto, aproveitou para agradecer às câmaras municipais que ajudaram os empresários com a contratação destes profissionais e criticou os municípios que não o fizeram, que "infelizmente deveriam ter outra postura".
"Aqui, na Costa de Caparica, a Câmara de Almada foi uma das que não ajudou às despesas da segurança nas praias", lamentou.
Resta um mês de época balnear em algumas zonas do país e a afluência vai começar a diminuir, mas João Carreira tem a esperança de que o próximo inverno "seja "simpático" para que as pessoas continuem a frequentar a praia e os estabelecimentos que vão continuar abertos.
"A praia é um local seguro, é lazer, é saúde e aconselho vivamente a que as pessoas venham fazer as suas caminhadas, dar os seus mergulhos. Apareçam porque estão em segurança", apelou.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.