‘Washington Post’ debaixo de fogo por não apoiar Kamala
Editor demitiu-se e mais de 200 mil leitores cancelaram as assinaturas do jornal de Jeff Bezos.
Em 1976, o ‘Washington Post’ apoiou Jimmy Carter na sua candidatura à Casa Branca e desde então defendeu todos os candidatos democratas que se seguiram. Este ano não seria exceção, com dois jornalistas a revelarem, nos seus artigos de opinião publicados no jornal, que o conselho editorial tinha mesmo redigido um texto de apoio a Kamala Harris quando Jeff Bezos - multimilionário fundador da Amazon - proibiu a sua publicação.
Na passada sexta-feira, o chefe de redação do ‘The Post’, William Lewis, anunciou que o jornal tinha decidido manter-se imparcial e não apoiar qualquer candidato, rompendo assim com uma tradição nos meios de comunicação norte-americanos, sobretudo os mais respeitados. Sabe-se agora, segundo o ‘The New York Times’, que executivos da Blue Origin, empresa de Bezos, estiveram reunidos com Donald Trump horas antes do anúncio.
As consequências depressa se fizeram sentir: um dos editores principais, Robert Kagan, demitiu-se, assim como dois colunistas do jornal, e muitos outros poderão fazer o mesmo. “As pessoas estão chocadas, furiosas. Se não têm tomates para ter um jornal, não o tenham”, disse um editor ao site Semafor. Por outro lado, mais de 200 mil leitores cancelaram as assinaturas do jornal de Jeff Bezos.
O ‘LA Times’ também decidiu não apoiar qualquer candidato. O jornal é detido pelo empresário e médico bilionário Patrick Soon-Shiong, que disse que “num ano eleitoral tumultuoso” preferia “deixar os leitores fazerem a sua escolha”. Já a filha do magnata, Nika Soon-Shiong, disse que a decisão de não apoiar Kamala teve a ver com o apoio dos EUA a Israel no conflito em Gaza. Resultado: vários editores já se demitiram e os leitores estão a ameaçar cancelar as subscrições.
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