Da "fantasia" de um País seguro de António Filipe à "república das bananas" de Ventura: o que foi dito no debate
Eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro. Ventura disse esperar o voto de António Filipe na segunda volta.
André Ventura e António Filipe foram os dois candidatos que este sábado se colocaram frente a frente para o debate presidencial. Os portugueses são chamados às urnas no próximo dia 18 de janeiro.
O candidato a Belém apoiado pelo Chega foi o primeiro a tomar a palavra e deixou claro que, caso o Governo não proceda a alterações no pacote laboral, o partido não aceitará a proposta. Ventura frisou que a lei apresentada é "má em todos os títulos, até para as empresas" e que caso fosse ele a mandar no País não se tinha chegado à greve geral da passada quinta-feira.
O Chega não aceita que "haja um bar de despedimentos, ataque às mães que são trabalhadoras e que querem ser mães", referiu o candidato a Belém.
"O Chega quer uma lei laboral moderna. O PCP quer manter-nos nos anos 70", atacou Ventura. O adversário do político de extrema-direita respondeu dizendo que olhando para o pacote laboral "estamos perante um ataque enorme aos direitos dos trabalhadores". "Ventura defendia esta proposta do Governo no que diz respeito à precariedade", acrescentou o candidato.
António Filipe mostrou-se solidário com os trabalhadores que decidiram pela adesão à greve geral, considerando-a "legítima". O comunista reforçou "esperar que a lei não chegue à Assembleia da República" e que, caso seja eleito Presidente da República, promete usar "todos os mecanismos constitucionais" para impedir a aprovação da legislação.
André Ventura afirmou não ser preciso o "teste do algodão" e volta a afirmar que caso não existam mudanças, o partido Chega votará contra a proposta. O candidato "não quer um País como nos anos 70. O que temos de atacar não é quem trabalha, são os que vivem de subsídios. Se eu estou na eleição errada e estou à sua frente estes pontos todos, imagine o António Filipe", rematou.
O candidato apoiado pelo PCP mencionou que André Ventura "apresentou-se como candidato porque Passos Coelhos não se apresentou" e isso "diz muito sobre a sua candidatura". "O atual código do trabalho fragilizou muito a contratação coletiva. Ventura está do lado dos grandes interesses económicos. Faz parte dos candidatos do consenso neoliberal", acrescentou.
André Ventura disse que "tinha orgulho em ter um candidato como Passos Coelho". "Se hoje temos uma grande maioria de pensões abaixo de 420 euros, os senhores têm responsabilidades. O que aumenta salários em Portugal é a economia crescer. Se eu lhe perguntasse um exemplo de um País comunista onde os salários sejam altos, o senhor não tem", questionou o adversário.
Ainda sobre a lei laboral, António Filipe considerou que o Partido Socialista "aliou-se à direita para evitar avanços". "Temos de combater as redes de tráfico ilegal e não os imigrantes em si", asseverou o comunista.
O comunista contestou no debate a revisão constitucional defendida por Ventura e de imediato o candidato admitiu contar com o voto de António Filipe na segunda volta das eleições presidenciais.
"O Chega não é o único partido da direita em Portugal. Um Presidente da República não tem competência de revisão constitucional. Patrocinar algum golpe de Estado constitucional, eu não acredito. Aquilo a que Ventura se propõe é inconstitucional", defendeu António Filipe.
"Um candidato a Presidente da República não pode dizer que quer mudar a Constituição?", questionou o político de extrema-direita.
Ventura falou novamente de uma imigração descontrolada no País: "Entraram em Portugal descontroladamente cerca de 500 mil pessoas. Por cada três imigrantes que entravam, um jovem português saía".
Sobre a segurança no País, Ventura voltou a mencionar a sua preferência: "um bandido morto, a um polícia morto". "Quero um Portugal com ordem e com autoridade. Quando tiverem que usar a força, que a usem sem medo", pediu o líder do Chega, garantindo que as forças policiais teriam proteção do poder político.
Contrariamente, António Filipe pediu um País em que "todos vivam em segurança", algo que Ventura considerou ser uma "fantasia".
"Essa ideia de um Presidente da República dar poderes excecionais à polícia será numa república das bananas", rematou o comunista.
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