Ativistas portugueses passaram "fome e sede", foram "algemados" e estiveram "várias horas em jaulas ao sol"
Miguel Duarte diz ter visto um soldado israelita a falsificar assinaturas de ativistas.
Os ativistas portugueses que integraram a flotilha humanitária rumo a Gaza e que regressam este domingo a Portugal, depois de terem estado presos em Israel, assumem que foram "mal tratados" pelas autoridades israelitas, tendo passado "fome e sede".
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, disse, nas primeiras palavras após ter sido detida por Israel, que passaram "várias horas em jaulas ao sol" e que foram "algemados várias vezes".
Apesar das queixas de maus-tratos, Mariana Mortágua diz que "o mais importante" é que o grupo ficou mais perto de quebrar o cerco humanitário em Gaza e saudou também o facto de existirem, neste momento, mais barcos a caminho do território palestiniano.
O ativista Miguel Duarte referiu, mais uma vez, a importância de o Governo português agir perante o genocídio em Gaza, ação que considera "mais importante" do que o apoio a trazer o grupo de volta ao território português. "O trabalho não acaba aqui", frisou Miguel.
Ainda antes de partir em viagem de regresso a Lisboa, e questionada sobre o que iria fazer agora, Mariana Mortágua disse: "Lutar pelo fim do genocídio".
Mariana Mortágua, Miguel Duarte, Sofia Aparício e Diogo Chaves fizeram escala em Madrid, antes de regressarem a Lisboa.
Miguel Duarte diz que um soldado israelita falsificou assinaturas
Os ativistas portugueses foram recebidos com muita euforia por uma multidão no Aeroporto de Lisboa. Quando os ânimos se acalmaram um pouco, os ativistas prestaram declarações à comunicação social.
Mariana Mortágua contou que viram "camaradas a serem espancados" e que os abusos que testemunharam e sofreram lhes deram uma visão "do que eles [os israelitas] fazem aos palestinianos". "Se eles fazem isto a nós, imaginem o que eles não fazem ao povo palestiniano", disse.
O ativista Miguel Duarte afirmou também, na mesma altura, que não existem direitos dos prisioneiros nas cadeias israelitas e que, se os detidos portugueses que faziam parte da flotilha tiveram alguma proteção, foi por serem europeus e por haver mobilizações por todo o mundo em apoio da flotilha.
A atriz Sofia Aparício contou que as autoridades israelitas queriam que os ativistas assinassem documentos escritos em hebraico. "Nós obviamente não assinámos", afirmou. Miguel Duarte explicou, em seguida, que houve a tentativa de que assinassem documentos que diziam que Israel tinha detido e levado o grupo de forma legal. Contou ainda que viu um soldado israelita a falsificar as assinaturas dos ativistas.
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