25 países pedem a Israel para deixar entrar mais ajuda em Gaza
Carta aberta apela a que sejam usadas "todas as passagens e rotas" para levar comida e medicamentos ao território.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros de 25 países, incluindo Portugal, apelaram esta terça-feira ao governo israelita para deixar entrar mais ajuda em Gaza para fazer face ao "sofrimento humanitário inimaginável" no território.
"O sofrimento humanitário em Gaza atingiu níveis inimagináveis. A fome está a alastrar perante os nossos olhos. É necessária uma ação urgente para travar e reverter esta situação", afirma a carta aberta, subscrita, entre outros, pelos chefes da diplomacia do Reino Unido, Austrália, Japão e duas dezenas de países da União Europeia, os quais defendem que devem ser tomadas "medidas imediatas, permanentes e concretas para facilitar o acesso seguro e em larga escala da ONU, dos ONG internacionais e dos parceiros humanitários" ao território palestiniano.
Após forte pressão internacional, o governo de Israel tem permitido nas últimas semanas a entrada de alguns camiões com ajuda em Gaza, mas as organizações humanitárias, incluindo a ONU, garantem que não é suficiente. "Todas as passagens e rotas devem ser utilizadas para permitir inundar Gaza com ajuda, incluindo alimentos, suprimentos nutricionais, abrigos, combustível, água potável, medicamentos e equipamentos médicos", apela a carta aberta, que ressalva ainda que "não deve ser usada força letal nos locais de distribuição de ajuda e os civis, voluntários e profissionais de saúde devem ser protegidos". Segundo a ONU, quase duas mil pessoas foram mortas quando tentavam procurar comida para as suas famílias desde o início de junho.
O apelo foi secundado pela Organização Mundial de Saúde, que insistiu na urgência de repor os 'stocks' de medicamentos e equipamento médico antes da anunciada ofensiva israelita para tomar o controlo da Cidade de Gaza.
Já a agência da ONU para os refugiados palestinianos, UNRWA, alertou esta terça-feira que as crianças de Gaza podem tornar-se uma "geração perdida" devido à inexistência de educação no território. "Cada dia que estas crianças passam longe da escola mais distantes ficam do futuro que merecem. Esta guerra terá consequência a longo prazo para as crianças de Gaza. Um cessar-fogo é o primeiro passo para as trazer de volta à escola", sublinhou a agência.
Telavive desmente fome generalizada
Uma investigação do Governo israelita alega que “não existem indícios de um fenómeno de desnutrição generalizada” na Faixa de Gaza, e que “a grande maioria” das alegadas vítimas de fome “sofriam de problemas médicos graves preexistentes” que provocaram a sua morte. O relatório acusa ainda o Hamas de exagerar deliberadamente a situação para “desacreditar oEstado de Israel”.
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