Guarda iraniana reclama vingança por morte de comandante do Hezbollah

Ataque de Israel, realizado nos arredores sul de Beirute, matou o chefe do Estado-Maior do Hezbollah.

24 de novembro de 2025 às 22:01
Israel atacou Líbano, aumentando a tensão no Médio Oriente com morte de líder do Hezbollah Foto: Bilal Hussein/AP
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A Guarda Revolucionária Islâmica, o exército ideológico do Irão, reclamou, esta segunda-feira, vingança pela eliminação do líder militar do grupo xiita libanês Hezbollah, Haitham Ali Tabatabai, num ataque israelita no domingo em Beirute.

"O direito do Eixo da Resistência e do Hezbollah libanês de vingar o sangue dos bravos combatentes do Islão é inquestionável", afirmou a Guarda Revolucionária em comunicado, referindo-se aos movimentos armados hostis a Israel no Médio Oriente que são apoiados por Teerão.

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Anteriormente, também o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão condenou o assassínio do líder militar do Hezbollah, numa ação que foi descrita como uma "grave violação" do cessar-fogo estabelecido há um ano e um "ataque brutal" à soberania do Líbano.

Num comunicado divulgado no domingo à noite, a diplomacia de Teerão exigiu a punição e o julgamento de altos funcionários israelitas "por cometerem atos de terrorismo e crimes de guerra".

O ataque, realizado nos arredores sul de Beirute, matou o chefe do Estado-Maior do Hezbollah, Haytham Ali Tabatabaei, juntamente com mais quatro pessoas, e feriu outras 28.

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Teerão prestou homenagem a Tabatabaei, descrevendo-o como alguém que dedicou "a sua vida a defender o Líbano contra o inimigo sionista".

Após o ataque, o Presidente libanês, Joseph Aoun, pediu a "intervenção internacional" para evitar uma maior deterioração da situação no país, onde, apesar do cessar-fogo em vigor há cerca de um ano, Israel tem intensificado os seus ataques aéreos, numa resposta a legadas violações da trégua por parte do Hezbollah.

O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, afirmou pelo seu lado que a principal prioridade do seu Governo é proteger o povo libanês e impedir que o país siga por "caminhos perigosos".

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Do lado de Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, defendeu que "o mundo é um lugar melhor" sem comandante militar do Hezbollah.

"A operação de ontem [domingo], e as operações do Exército de Israel contra o Hezbollah, em geral, não constituem uma violação da soberania do Líbano", declarou Saar a partir do Paraguai, onde, esta segunda-feira, iniciou uma deslocação, defendendo que a própria existência do grupo político e militar libanês é em si "uma violação da soberania" do país.

O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado pelo Irão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.

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Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a direção do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros responsáveis da hierarquia política e militar do Hezbollah.

Desde o cessar-fogo, o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais e deslocou efetivos para a zona da fronteira com Israel, tradicionalmente um reduto do Hezbollah e onde as tropas israelitas ainda mantêm posições militares.

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) tem acumulado acusações a Israel de violação da zona desmilitarizada entre os dois países e ataques aos seus próprios militares.

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As tropas internacionais terminam o seu mandato em 2026, depois de quase cinco décadas no terreno.

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