Hamas e Israel voltam a trocar acusações
Grupo terrorista não devolveu os corpos de todos os reféns israelitas mortos no prazo previsto. Em retaliação, Israel fechou a fronteira de Rafah e voltou a limitar a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
No banco de jardim junto à porta principal do Abu Kabir, onde funciona o instituto forense de Telavive, a fotografia de Guy Illouz está rodeada de ramos de flores e um cartaz singelo com a palavra “desculpa”. Guy foi um dos quatro primeiros reféns mortos na posse do Hamas que o movimento radical palestiniano devolveu a Israel, na segunda-feira. Ontem, os técnicos forenses confirmaram tratar-se de Guy Illouz – o Hamas já entregou a Israel corpos que não pertenciam a reféns –, e os seus pertences foram entregues à polícia para os devolver à família.
O facto de apenas quatro cadáveres, dos 28 na posse do Hamas, terem sido devolvidos a Israel e o silêncio do movimento palestiniano, sobre este atraso, levaram o governo israelita a denunciar uma violação dos termos do cessar-fogo em Gaza. A trégua previa a entrega a Israel, até ontem, da totalidade dos reféns mortos. O Hamas, por sua vez, também acusou Israel de violar o acordo de paz ao matar palestinianos em Gaza.
Na sequência deste impasse, o governo israelita ordenou o encerramento da fronteira de Rafah, com o Egito, e nova limitação na entrada de ajuda humanitária em Gaza. Após a pressão israelita, o Hamas libertou ontem à noite os corpos de mais quatro reféns, mas ainda faltam 20 e o grupo terrorista admitiu que o processo poderá demorar semanas, uma vez que alguns dos restos mortais em falta estão debaixo dos escombros.
A troca de acusações fez os mais céticos temer pela manutenção da paz. Na chamada Praça dos Reféns de Telavive, apesar de ontem se celebrar a trégua com música e dança, aumentavam também os receios do fracasso do cessar-fogo desenhado pela Administração Trump.
Gaza administração aprovada
O chefe da diplomacia egípcia anunciou que o comité de 15 tecnocratas palestinianos que vai administrar a Faixa de Gaza já foi selecionado e aprovado por Israel e por todas as fações palestinianas. Segundo Badr Abdelatty, este comité ficará encarregado da gestão diária do território e será supervisionado pelo gabinete de paz internacional liderado por Donald Trump.
Reconstrução 60 mil milhões de euros
A ONU indicou que os EUA e vários países árabes e europeus já se comprometeram a contribuir para a reconstrução de Gaza, avaliada em 60 mil milhões de euros. Segundo dados oficiais do Programa de Desenvolvimento da ONU, 80% das estruturas de Gaza estão destruídas e vai ser preciso remover mais de 55 milhões de toneladas de entulho.
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