Israel confirma deportação de portugueses da flotilha para Espanha
Ministério das Relações Externas de Israel assegurou ainda que todos os direitos legais dos participantes "nesta manobra de relações públicas" estão a ser respeitados.
O Governo de Israel informou que 29 detidos da Flotilha Global Sumud, vindos de Portugal, Espanha e Holanda, foram este domingo deportadas para Madrid.
"Mais 29 provocadores da flotilha foram hoje deportados de Israel para Espanha. Os deportados são cidadãos de Espanha, Portugal e Holanda", anunciou o Ministério das Relações Externas de Israel, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
O Governo israelita disse esperar que todos ao "participantes nesta provocação" sejam deportados o mais "rapidamente possível", acrescentando que alguns ativistas estão a atrasar o processo legal.
O ministério assegurou ainda que todos os direitos legais dos participantes "nesta manobra de relações públicas" estão a ser respeitados.
Os quatro portugueses que participaram na Flotilha Global Sumud, detidos, em Israel, desde quinta-feira, vão ser recebidos, pelas 22h30, no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, anunciaram os grupos Flotilha Humanitária e Palestina em Português.
"Esta noite recebemos, no aeroporto de Lisboa, Diogo Chaves, Mariana Mortágua, Miguel Duarte e Sofia Aparício, que estiveram a bordo da Global Sumud Flotilla e foram atacados nas águas internacionais e sequestrados para uma prisão israelita", lê-se numa publicação divulgada nas páginas do Instagram da Flotilha Humanitária e da Palestina em Português.
A RTP avançou que os quatro portugueses já deixaram o aeroporto de Telavive e que vão fazer escala em Madrid, antes de aterrarem em Lisboa.
O voo chega às 20:20 a Madrid, onde faz escala, e aterra em Lisboa pelas 22:30.
A equipa jurídica da Flotilha denunciou este domingo "graves abusos" contra os participantes detidos em Israel, precisando que estes foram sujeitos a condições que constituem "claras violações" dos seus direitos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros já tinha anunciado que os portugueses que participaram na Flotilha Global Sumud foram repatriados e que chegarão ao fim da noite deste domingo a Portugal, sem precisar a hora.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves foram detidos na noite de quarta para quinta-feira passada, quando as forças israelitas intercetaram as cerca de 50 embarcações da Flotilha Global Sumud, que pretendia entregar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Segundo o ministério tutelado por Paulo Rangel, a embaixadora de Portugal em Telavive, Helena Paiva, esteve este domingo no centro de detenção de Ketsiot para se "assegurar do bom desenvolvimento do processo de repatriamento".
Os portugueses, acrescentou o MNE, em comunicado, serão acompanhados por um diplomata durante todo o percurso.
Os cidadãos portugueses, juntamente com cerca de 450 ativistas de várias nacionalidades, foram levados pelas autoridades israelitas para um centro de detenção no deserto de Neguev, no sul de Israel.
A embaixadora portuguesa em Telavive, Helena Paiva, visitou os portugueses na sexta-feira, indicando que se encontravam "bem de saúde", mas que tinham relatado "várias queixas", que motivaram um protesto imediato da diplomata junto das autoridades israelitas e um protesto do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, junto do embaixador israelita em Lisboa, Oren Rozenblat.
O MNE deu conta de que os ativistas "não foram sujeitos a violência física", mas a "condições difíceis e duras à chegada ao porto de Ashdod [para onde foram levados após a intervenção israelita em alto mar] e no centro de detenção", além de terem estado "bastante tempo" sem água e comida.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país "sem nenhum incidente", considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi transmitida.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, visitou os ativistas no porto de Ashdod, chamou-lhes "terroristas" e "apoiantes do terrorismo", instando o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a mantê-los "durante alguns meses" presos, em vez de proceder à sua deportação.
A guerra declarada por Israel a 07 de outubro de 2023 em Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas -- horas após um ataque a território israelita com cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, mais de 66.000 mortos e pelo menos 170.000 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
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