Jovens raptados no festival de música e outros há uma década em Gaza: as histórias dos reféns libertados hoje pelo Hamas
Um tem nacionalidade portuguesa.
Apesar da chuva, este sábado fica marcado pela esperança e o respirar de alívio para seis reféns libertados pelo Hamas no âmbito do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestiniano. Um viveu em cativeiro mais de 11 anos e outro, o único libertado sem direito a cerimónia, quase uma década. Os outros quatro foram vítimas do massacre do 7 de outubro de 2023, que Israel jamais esquecerá. Entre eles, encontra-se um cidadão com nacionalidade portuguesa.
Tal Shoham
Foi o primeiro refém a ser libertado este sábado pelo Hamas. O israelita de 39 anos, que tem cidadania austríaca e italiana, foi raptado a 7 de outubro de 2023 no Kibbutz Be'eri, com mais oito familiares.
O israelita estava de visita ao Kibbutz Be'eri, onde tinha crescido a mulher.
A mulher, Adi, e os filhos, Naveh e Yahel, atualmente com nove e quatro anos, respetivamente, foram também levados para cativeiro, mas acabaram por ser libertados 50 dias depois, em novembro de 2023.
Avera Mengistu
Contrariamente à maioria dos reféns libertados no âmbito do mais recente acordo de cessar-fogo, Avera Mengistu passou 11 anos em cativeiro às mãos do Hamas.
O judeu israelita de ascendência etíope atravessou a fronteira para a Faixa de Gaza a 7 de outubro de 2014, após ter discutido com a mãe.
Segundo o grupo palestiniano, Avera, atualmente com 38 anos, é soldado. A família alega que o homem sofre de doença mental e que, na altura, com 28 anos, Avera atravessou a fronteira porque "se perdeu".
A janeiro de 2023, o Hamas divulgou um vídeo do refém a pedir que Israel conseguisse negociar a sua libertação.
Omer Wenkert
Omer estava no Festival de Música Nova quando foi raptado pelo Hamas a 7 de outubro de 2023. Quando se apercebeu do início do terror que estaria a viver, o jovem de 22 anos enviou uma mensagem de alerta para a família. Aos pais disse estar "a morrer de medo". Poucas horas depois, os familiares receberam a notícia que mais temiam: Omer tinha sido levado pelo Hamas. A confirmação surgiu após o grupo palestiniano divulgar imagens do jovem amarrado em roupa interior a uma carrinha e, posteriomente, imagens em que aparecia deitado em Gaza.
Omer, atualmente com 23 anos, sofre de uma doença autoimune e, durante os dias de cativeiro, a família receou que não lhe estivessem a ser fornecidos os cuidados médicos necessários.
Eliya Cohen
Eliya Cohen é mais uma das vítimas do terror vivido no Festival de Música Nova. Tinha 26 anos quando o Hamas invadiu o recinto do Festival. Eliya estava acompanhado pela companheira, Ziv, o sobrinho e namorada do familiar. Quando ouviu as sirenes, fugiu com a companheira para um abrigo, que foi considerado, posteriormente, "o abrigo da morte" e não conseguiu escapar.
A companheira disse que acreditava que o jovem tivesse sido baleado numa perna. A mulher escondeu-se debaixo de cadáveres durante o festival.
“Eliya e eu estávamos abraçados até que senti que o estavam a afastar de mim", disse Ziv, citada pelo Israel Hayom.
Omer Shem Tov
O luso-israelita tinha apenas 20 anos quando foi levado pelo Hamas, também no ataque de 7 de outubro no Festival de Música Nova. A família seguiu a localização do jovem enquanto era transportado para Gaza. Durante a viagem, Omer telefonou aos pais para lhes contar tudo o que estava a acontecer.
Omer foi raptado juntamente com os amigos Itay Regev e Maya, libertados em novembro de 2023.
Hisham al-Sayed
Ao fim de quase 10 anos em cativeiro, Hisham al-Sayed, de 36 anos, é libertado pelo Hamas. Aos 27 anos, a 20 de abril de 2015, entrou no sul de Gaza e foi imediatamente raptado pelos palestinianos. Hisham foi diagnosticado com esquizofrenia e acredita-se que quando chegou a Gaza debatia-se com graves problemas de saúde mental.
“Os israelitas que entram em Gaza são espiões”, explicou o Hamas.
Em junho de 2022, o Hamas divulgou um vídeo de Hisham em cativeiro.
Segundo Sha'ban, pai de Sayed, o filho é doente "desde a adolescência" e "gosta da atenção quando vai a sítios que sabe serem proibidos. Normalmente, as pessoas apercebem-se rapidamente de que ele está doente e ajudam-no a regressar a casa".
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