Livre saúda cessar-fogo mas critica "acordo enviesado contra palestinianos"
Tavares advertiu que ainda "é preciso estar muito vigilante", tendo em conta as "muitas incertezas e fragilidades" no acordo.
O porta-voz do Livre saudou esta quinta-feira o cessar-fogo na Faixa de Gaza mas lamentou que o acordo seja "muito enviesado contra os palestinianos", avisando que é preciso continuar vigilante.
"Por um lado, nós vemos esta matança em grande medida indiscriminada e acho que qualquer pessoa que tenha sentimentos, pensa «alguma coisa que acabe com isto», mesmo que venha do sítio errado, mas que seja a coisa certa. Por outro lado, vemos que passados dois anos de guerra, isto é um acordo muito enviesado contra os palestinianos", criticou Rui Tavares.
O líder do Livre falava à margem de uma ação de campanha para as autárquicas de domingo no Montijo, distrito de Setúbal, onde o partido candidata à câmara Alexandra Nascimento.
Com críticas ao Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Tavares não se mostrou surpreendido com o facto de o acordo ser "injusto".
"Era isto que Trump sempre disse que queria dar a Netanyahu e na primeira oportunidade que tiver de os palestinianos rejeitarem o acordo, vai dar a Netanyahu e aos seus aliados mais ainda, que é a possibilidade de entrarem pela Faixa de Gaza adentro e fazerem a tal Riviera do Médio Oriente", avisou.
Considerando que ainda existem "muitas incertezas e fragilidades" neste acordo, Tavares advertiu que ainda "é preciso estar muito vigilante".
"E é essa cautela vigilante que nós devemos ter: acolher o que é de bom e de humanitário e de pacífico neste acordo, não andar para aí a contradizer-nos com o que dissemos durante dois anos, e estar muito vigilante para tudo aquilo que falta fazer", acrescentou.
Tavares defendeu que a comunidade internacional, nomeadamente a Europa, terá de continuar a pressionar para que este seja "o caminho para os dois Estados".
Israel e Hamas anunciaram na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.950 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa por fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
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