Mariana Mortágua condena violência do Hamas na Faixa de Gaza
"Não há justiça pelas próprias mãos, seja pelo Hamas, seja por Israel", afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, condenou esta quarta-feira os relatos de violência perpetrados pelo Hamas na Faixa de Gaza e defendeu que a Palestina só pode ser um Estado livre sem o movimento islamita.
"Essa é uma decisão que cabe aos palestinianos e não a mim, se a escolha fosse minha, não, mas os países são aquilo que lhes permitem ser e acho que idealmente eu só posso condenar execuções em praça pública como aquelas que tivemos notícia, isso é muito claro", afirmou Mariana Mortágua quando questionada sobre se o grupo islamita pode fazer parte do futuro da Palestina.
"Não há justiça pelas próprias mãos, seja pelo Hamas, seja por Israel", continuou à margem de uma conversa a decorrer em Lisboa, com os ativistas portugueses Miguel Duarte e Sofia Aparício que seguiam na Flotilha Global Sumud.
Durante a conversa, que reuniu cerca de uma centena de pessoas, os três ativistas relataram a experiência a bordo da flotilha, os momentos em que as embarcações foram visadas por drones e os tempos vividos quando foram detidos pelas autoridades israelitas.
Pouco antes do início do debate ao ar livre, Sofia Aparício qualificou o plano de paz apresentado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, como um "pseudo-acordo de paz"
"Esta primeira fase em que acabaram os bombardeamentos, o que é maravilhoso, ninguém mais que o povo palestiniano merece uma pausa nos bombardeamentos, mas a mim, e não falo por eles, a mim aquilo parece-me mais um acordo de negócios e quase uma recompensa pelos genocídio", sublinhou.
"Eu li a primeira parte do acordo e a sensação que tive é que tinha recuado séculos atrás e estava a ler qualquer tratado colonialista", prosseguiu.
Mariana Mortágua salientou também que o acordo não pode ser considerado de paz enquanto Israel continuar a "ocupar ilegalmente o território palestiniano".
Para a líder do BE este é um "acordo de cessar-fogo que é conseguido à custa da ameaça de um genocídio", reconhecendo, no entanto, que "constitui um alívio humanitário",
"Constitui um alívio humanitário, embora tenhamos alguns relatos de pessoas que foram mortas, entretanto, já depois do cessar-fogo, mas mesmo assim constitui um alívio humanitário e que é conseguido pela pressão dos movimentos sociais e nada mais que isso", frisou.
Quanto à iniciativa de hoje, Miguel Duarte vincou que é um momento importante para os ativistas se conectarem com a sociedade civil "que foi quem fez as mobilizações aqui em Portugal".
Durante o debate, o ativista avançou que os vários governos europeus, como espanhol, alemão, italiano e português, contactaram os membros da flotilha enquanto se encontravam em alto mar com avisos de que as suas vidas estavam em risco, depois de os mesmos terem sido contactados pelas autoridades israelitas.
"Foram contactados pelo Estado israelita com ameaças variáveis que envolviam, essencialmente, o afundar de vários dos barcos nas 48 horas seguintes, portanto, uma ameaça à nossa segurança e à nossa vida, que os nossos governos, em vez de refutarem, em vez de combaterem, nos transmitiram: os nossos governos disseram a partir daqui, é basicamente convosco", sublinhou.
A agência de notícias espanhola EFE avançou hoje que circulam vídeos nas redes sociais que mostram membros do Hamas a executarem pessoas algemadas nas ruas, alegando que as mesmas colaboravam com Israel.
Já a agência de notícias France-Presse (AFP) especificou que foram executados publicamente oito presumíveis colaboradores de Israel.
Após vários dias de confrontos, testemunhas afirmaram na terça-feira que se registaram combates intensos no leste da cidade de Gaza, no bairro de Shujaia, entre uma unidade afiliada do Hamas e clãs e bandos armados, alguns dos quais teriam sido apoiados por Israel.
Os quatro portugueses que fizeram parte da flotilha Global Sumud chegaram a 05 de outubro, pelas 22:30, ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde eram aguardados por familiares e apoiantes pró-Palestina.
Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves foram detidos, em Israel, depois das forças israelitas terem intercetado as cerca de 50 embarcações da Flotilha Global Sumud, que pretendia entregar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
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