Médicos e enfermeiros foram vendados e algemados durante incursão militar israelita no maior hospital de Gaza

"Os militares israelitas não nos trataram com violência. Mas quase não tínhamos comida e água", disse um médico-cirurgião.

25 de março de 2024 às 22:04
Hospital al-Shifa Foto: Mohammed Salem / Reuters
Hospital al-Shifa Foto: Kosay Al Nemer/ Reuters
Hospital al-Shifa Foto: Kosay Al Nemer/ Reuters
Hospital al-Shifa Foto: Suhaib Salem / Reuters
Hospital al-Shifa Foto: Suhaib Salem/ Reuters

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Durante a incursão militar israelita no Hospital al-Shifa, o maior de Gaza, vários médicos e enfermeiros foram mantidos numa sala, com pouca água e comida. Alguns dos profissionais de saúde foram vendados e algemados, enquanto decorriam as operações, não podendo prestar os cuidados adequados aos doentes. 

Tayseer al-Tanna, um cirurgião vascular, disse que as forças israelitas tinham reunido médicos na sala de urgências. "Os militares israelitas não nos trataram com violência. Mas quase não tínhamos comida e água", disse ao The New York Times (NYT). 

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Testemunhas que conseguiram fugir depois do início da operação israelita relatam ambiente de pânico que se vivia no hospital, com os corpos a acumularem, a escassez de medicamentos e pessoas a serem detidas por suspeita de ligações ao Hamas. 

Os profissionais de saúde destacam que a situação que se vive no complexo médico, com pacientes a morrer diariamente devido à falta de tratamento adequado, veio a agravar-se desde a entrada dos soldados israelitas.

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Alguns homens foram capturados, despidos e interrogados, sendo separados das mulheres e das crianças para o efeito, informam testemunhas. 

"A situação é muito má", disse Mohammed Haddad, de 25 anos, que vive a cerca de 800 metros do hospital. "Há mais de cinco dias que não podemos sair e andar por aí. Não conseguimos arranjar água, nem comida. E estamos no Ramadão", explicou, referindo-se ao mês sagrado de jejum dos muçulmanos.

Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 30 mil palestinianos tinham procurado abrigo no al-Shifa desde o início da guerra, a 7 de outubro, e muitos destes tiveram que fugir novamente após o início da incursão militar israelita. 

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No sábado, o gabinete de imprensa do Hamas disse que os soldados israelitas ameaçaram o pessoal médico e as pessoas que se abrigavam no interior do hospital, dizendo que arriscavam ser interrogados, torturados ou executados se lá permanecessem. 

A operação militar no Hospital al-Shifa, um dos mais longos ataques israelitas a hospitais na guerra em Gaza, começou na passada segunda-feira com tanques, bulldozers e ataques aéreos. Os militares israelitas afirmaram que o objetivo era atingir os altos funcionários do Hamas.

Provas examinadas pelo NYT sugerem que o Hamas utilizou o hospital como esconderijo, armazenou armas no seu interior e manteve um túnel protegido por baixo do complexo que era abastecido com água, eletricidade e ar condicionado. De acordo com as autoridades americanas, o grupo islâmico terá ainda utilizado a unidade hospitalar para esconder reféns.

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