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O fim do pesadelo israelita

Israel parou para acompanhar a libertação dos 20 reféns ainda vivos, que coincidiu com a visita de Donald Trump. Hamas só entregou os corpos de quatro dos reféns mortos em cativeiro.

14 de outubro de 2025 às 01:30

Israel viveu na segunda-feira um profundo, emocionado e imenso alívio com o regresso dos últimos vinte reféns capturados pelo Hamas no Sul do país no dia 7 de outubro de 2023. O país parou para acompanhar nas ruas ou na televisão o regresso a casa dos derradeiros capturados pelo movimento radical palestiniano que ainda se encontravam com vida na Faixa de Gaza. Três deles têm passaporte português.

Os dois primeiros a chegar ao centro hospitalar Sheba, nos arredores de Telavive, foram os irmãos Gali e Ziv Berman. Chegaram, como é habitual, num helicóptero pesado da Força Aérea de Israel, depois de uma primeira triagem no hospital de campanha montado pelo Exército na zona do ‘kibbutz’ Re’im, no Sul do país, junto a Gaza. Adeptos fervorosos do Maccabi Telavive, o piloto brindou os gémeos com um sobrevoo de surpresa sobre o estádio do popular clube israelita. Gali Berman, que envergava uma camisola amarela e azul do Maccabi, sorriu e acenou às muitas pessoas que se deslocaram ao ‘Sheba’ ainda antes de o helicóptero aterrar. Os dois irmãos, que têm nacionalidade germano-israelita, estiveram em cativeiro separados e reencontraram-se apenas agora, depois de terem sido raptados no ‘kibbutz’ Kfar Aza, uma comunidade localizada junto a Gaza, nos arredores da cidade de Sderot, e uma das mais martirizadas pelos terroristas do Hamas. O pai e o irmão mais velho dos gémeos sobreviveram ao ataque de 7 de outubro de 2023.

A libertação dos dois irmãos coincidiu com a chegada do Presidente dos EUA ao Aeroporto Ben Gurion, em Telavive, e durante parte da manhã especulou-se sobre uma eventual ida de Donald Trump até ao centro hospitalar Sheba. O diretor de comunicação daquela unidade hospitalar, Steve Walz, confirmou ao CM que “os serviços da Casa Branca perguntaram se havia condições para uma visita” de Trump, mas a agenda apertada e a urgência na viagem para o Egito anularam o encontro que o Presidente norte-americano pretendia ter com a família Berman.

Não foi só Israel que viveu um dia de euforia. Na Cisjordânia e em Gaza celebrou-se de forma comedida - porque Israel ameaçou contra manifestações efusivas - a libertação de perto de dois mil prisioneiros detidos pelos israelitas. Entre os libertados por troca da entrega dos reféns encontravam-se várias centenas de reclusos que o Estado Judaico acusou de terrorismo. Muitos deles cumpriam penas de prisão perpétua. A maioria dos prisioneiros palestinianos foram enviados para a Faixa de Gaza enquanto outros regressaram às suas origens na Cisjordânia. O Hamas disse que 154 dos prisioneiros foram deportados para o Egito.

Entretanto, chegaram na segunda-feira à noite a Telavive os corpos de quatro dos 28 reféns mortos ainda na posse do Hamas. A circunstância de não se saber quando e se serão entregues agora os 24 restos mortais em falta está a indignar os familiares dos reféns, que exigem a suspensão do acordo celebrado no Egito por incumprimento por parte dos palestinianos dos termos do cessar-fogo, que previa a entrega até hoje de todos os cadáveres.

Três portugueses entre os reféns libertados

Três dos reféns libertados na segunda-feira pelo Hamas têm nacionalidade portuguesa. São eles os irmãos David e Ariel Cunio e Segev Kalfon. Foi ainda confirmada a morte de outros três portugueses: Dror Or, Ran Gvili e Yossi Sharabi.

Presos libertados por Israel recebidos em festa

Imediatamente após a libertação dos reféns, Israel cumpriu a sua parte do acordo e libertou quase 2 mil presos palestinianos, alguns dos quais condenados por crimes de sangue. A maioria foi transferida para Gaza, onde foram recebidos em festa por familiares.

Egito. Donald Trump apelou na segunda-feira a uma “nova era de harmonia” no Médio Oriente, na cimeira que reuniu mais de 20 líderes mundiais em apoio ao acordo de paz para Gaza.

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