UE de acordo sobre novo pacote de sanções ao petróleo e gás russos

Este pacote de medidas inclui a suspensão total das importações de gás natural liquefeito (GNL) russo até ao final de 2026.

23 de outubro de 2025 às 00:02
Bandeiras da União Europeia Foto: DR
Partilhar

A presidência dinamarquesa da União Europeia (UE) anunciou esta quarta-feira um acordo entre os estados-membros para endurecer as sanções ao petróleo e gás russos, através do 19.º pacote de medidas para privar o Kremlin de recursos usados na guerra contra a Ucrânia.

Este pacote de medidas inclui a suspensão total das importações de gás natural liquefeito (GNL) russo até ao final de 2026, um ano antes do previsto, informou a presidência dinamarquesa.

Pub

Contém também medidas adicionais contra a frota 'fantasma' de petroleiros que Moscovo utiliza para contornar as sanções ocidentais, passando a lista de sanções a incluir 558 navios, mais 117 do que até agora.

O acordo foi imediatamente saudado pela presidência ucraniana na rede social X como "boas notícias de Bruxelas".

"Fizemos muita pressão - muitas das nossas propostas foram aprovadas. Sem interrupções, no entanto. O pacote 20 já está em curso. Matar a máquina de guerra à fome. Menos dinheiro para a Rússia = menos armas", publicou Andriy Yermak, chefe do Presidente ucraniano.

Pub

Os líderes da UE reúnem-se na quinta-feira em Bruxelas numa cimeira para voltar a discutir o apoio à Ucrânia, na presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky e com poucas expectativas de avanços rumo a um cessar-fogo.

Os líderes europeus vão discutir também as possibilidades de estabilizar o apoio à Ucrânia, nomeadamente através da utilização das maturidades dos recursos russos imobilizados na União num novo empréstimo de reparações.

O primeiro-ministro da Eslováquia, que vinha colocando exigências à aprovação do novo pacote de sanções à Rússia, admitiu esta quarta-feira poder apoiá-lo.

Pub

O populista Robert Fico sinalizou uma mudança de posição ao afirmar que provavelmente dará "luz verde" ao 19.º pacote de sanções, apesar de ter anteriormente ameaçado vetá-lo se Bruxelas não tomasse medidas para reduzir os preços da energia na Europa.

"Posso hoje confirmar que esta pressão foi atendida e que recebemos um novo parágrafo 53.º nas conclusões [do documento], que estabelece que a Comissão Europeia deve reagir com muita firmeza e rapidez aos preços da energia", disse o chefe do Governo eslovaco que, a par do homólogo húngaro, Viktor Orbán, é considerado um dos aliados de Moscovo na Europa.

Ao mesmo tempo, o chefe do governo de coligação de socialistas e ultranacionalistas, que suspendeu a ajuda militar à Ucrânia depois de ter assumido o poder, em 2023, reiterou as críticas à política de sanções contra a Rússia implementada pelos 27 Estados-membros e afirmou que, embora não tenha problemas com o conteúdo das sanções, que visam o gás liquefeito, a frota 'fantasma' russa e as plataformas de criptomoedas, lamenta que o tema principal em todas as cimeiras da UE seja sempre a Ucrânia.

Pub

Desde março de 2022, na sequência da invasão russa da Ucrânia em fevereiro desse ano, as importações de petróleo da Rússia caíram para menos de 3% em 2025, mas o gás russo ainda representa cerca de 13% das importações da UE, avaliadas em mais de 15 mil milhões de euros anuais.

A frota 'fantasma' russa, que inclui entre 600 e 1.400 embarcações, segundo a UE, permite à Rússia continuar a exportar o seu crude, apesar das sanções ocidentais.

Segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, o comércio de petróleo atribuído a esta frota representa "mais de 30 mil milhões de euros" para o orçamento da Rússia e ajuda a financiar "30% a 40% do seu esforço de guerra" contra a Ucrânia.

Pub

No novo pacote de sanções, a UE também tem como alvo novas empresas em vários países terceiros, incluindo 12 na China e três na Índia, que estão a ajudar a Rússia a contornar as sanções ocidentais sobre as transferências de tecnologia, particularmente na produção de 'drones'.

Cinco bancos - em Hong Kong, Paraguai e Tajiquistão - foram também sancionados.

Os diplomatas russos acreditados num país da UE também terão as suas viagens para outros Estados-membros restringidas, de acordo com a Presidência dinamarquesa.

Pub

A Dinamarca ocupa a presidência semestral do Conselho da União Europeia até ao final do ano.

De acordo com o projeto de conclusões da cimeira de quinta-feira, a que a Lusa teve acesso, os líderes da UE deverão instar a Comissão Europeia a "apresentar, o mais rapidamente possível, com base numa avaliação das necessidades de financiamento da Ucrânia, propostas concretas que envolvam a eventual utilização gradual dos saldos de caixa associados aos ativos russos imobilizados, em conformidade com o direito da UE e o direito internacional".

A expectativa de Bruxelas é apresentar, em novembro, uma proposta sólida para receber em dezembro aval dos líderes da UE, segundo fontes europeias ouvidas pela Lusa.

Pub

Numa declaração que deverá ser, uma vez mais, adotada por 26 Estados-membros - ficando a Hungria de fora -, os líderes europeus deverão também enfatizar "a necessidade de os Estados-membros continuarem a intensificar os esforços para dar resposta às necessidades urgentes da Ucrânia em matéria militar e de defesa", incluindo investimento "na indústria de defesa da Ucrânia".

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar