Secretário da Justiça EUA a favor de que bens russos apreendidos revertam para Kiev

Em abril, congresso não aprovou liquidar os bens confiscados aos multimilionários russos para enviar dinheiro para Kiev.

26 de abril de 2022 às 20:55
Merrick Garland Foto: Reuters
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O secretário da Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, declarou esta terça-feira que apoiaria uma eventual iniciativa parlamentar para permitir que bens apreendidos a oligarcas russos fossem "diretamente" para a Ucrânia, devastada pela guerra.

"A primeira coisa que devemos fazer é congelar os bens", declarou Merrick Garland.

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"Mas apoiaríamos um projeto de lei que permitisse que uma parte desse dinheiro fosse diretamente para a Ucrânia", acrescentou, numa audição perante uma comissão do Senado que o questionou sobre a forma como as autoridades estão a gerir os bens russos apreendidos.

No início de abril, o Congresso não aprovou um projeto de lei que teria autorizado a Casa Branca a liquidar os bens confiscados aos multimilionários russos para enviar dinheiro para Kiev.

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A ideia foi rejeitada depois de a influente organização de defesa das liberdades ACLU ter afirmado que tal projeto violava a Constituição, não tendo os oligarcas qualquer meio de recorrer perante a Justiça para contestar a decisão administrativa, noticiou o diário Washington Post.

Este diploma teria permitido ao Estado federal confiscar a cidadãos russos alvo de sanções bens estimados em mais de cinco milhões de dólares.

A Casa Branca nunca apoiou oficialmente este plano, mas alguns assessores parlamentares estavam a trabalhar em ajustes no texto em consulta com o Departamento do Tesouro, segundo o Washington Post.

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Os Estados Unidos e as autoridades europeias apreenderam vários iates ligados a magnatas russos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há cerca de dois meses.

Em março, os Estados Unidos anunciaram a criação de uma célula dedicada a perseguir judicialmente "oligarcas russos corruptos" e todos aqueles que violaram as sanções impostas por Washington a Moscovo.

A criação dessa unidade aconteceu na sequência do discurso do Estado da União, em que o Presidente norte-americano, Joe Biden, advertiu os multimilionários russos de que essa estrutura iria "encontrar e apreender os seus iates, os seus apartamentos luxuosos, os seus jatos privados".

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"Encontraremos os vossos bens ilícitos", anunciou então Biden.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5,2 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classificou como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

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A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou esta terça-feira no 62.º dia, já matou mais de 2.500 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.

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