Ucrânia e EUA acordam nova versão do plano de paz, confirma Zelensky

Versão revista do acordo tem 20 pontos. Controlo de Zaporíjia e a questão territorial do Donbass estão ainda por resolver.

Atualizado a 24 de dezembro de 2025 às 10:26
Anúncio foi feito pelo próprio Volodymyr Zelensky Foto: Evan Vucci/AP
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A Ucrânia e os EUA chegaram a um consenso para uma versão revista de 20 pontos do plano de paz de Washington para por fim à guerra iniciada pela Rússia. O anúncio foi feito pelo próprio Volodymyr Zelensky, em declarações tornadas públicas esta quarta-feira, avança o jornal Kyiv Independent.

"Fizémos progressos significativos no sentido de finalizar os documentos", afirmou o Presidente ucraniano. A nova estrutura do acordo, que é apoiado por Donald Trump, prevê garantias de segurança para a Ucrânia, com a participação dos EUA e da União Europeia na defesa do país, bem como um novo acordo de cooperação económica entre Kiev e Washington.

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Há, contudo, pontos importantes que permanecem por resolver. Estes dizem respeito ao controlo da central nuclear de Zaporíjia, bem como ao domínio territorial do Donbass, que a Rússia reclama como seu território e do qual controla cerca de 90% desde o início dos conflitos naquela região, em 2014.

O acordo deverá ser entregue à Rússia por parte dos EUA ainda nesta quarta-feira de véspera de Natal, ficando sujeito a ratificação por parte de russos, norte-americanos, ucranianos e pelos líderes da União Europeia. Uma vez assinado, teria ainda de passar pelo parlamento ucraniano e potencialmente por um referendo à população, a decorrer no prazo de dois meses.

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Zelensky admite eleições e criação de zonas desmilitarizadas

O Presidente ucraniano afirmou que a versão mais recente do plano dos Estados Unidos para a Ucrânia prevê o congelamento das linhas da frente, mas não resolve a possível cedência de território a Moscovo. De acordo com Volodymyr Zelensky, a nova versão do texto estipula que "a linha de posicionamento das tropas à data deste acordo é a linha de contacto reconhecida de facto", situação que abriria caminho a discussões sobre a criação de possíveis zonas desmilitarizadas.

"Um grupo de trabalho vai reunir-se para determinar o reposicionamento das forças necessárias para pôr fim ao conflito, bem como para definir os parâmetros de possíveis futuras zonas económicas especiais", afirmou Zelensky, que proferiu estas declarações na terça-feira, mas que foram apenas hoje divulgadas.

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O chefe de Estado ucraniano admitiu ainda a possibilidade de criar zonas desmilitarizadas em regiões como Donetsk, a fim de garantir a segurança da Ucrânia.

"Os russos querem que nos retiremos da região de Donetsk, enquanto os americanos tentam encontrar uma forma de não nos retirarmos, porque somos contra a retirada. (...) Eles procuram uma zona desmilitarizada ou uma zona económica livre, ou seja, um formato que possa satisfazer ambos os lados", afirmou.

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O Presidente ucraniano declarou ainda que, se a Rússia aceitar o plano de paz elaborado por Kiev com Washington, este pacto poderá ser submetido a um referendo, passar pelo parlamento e realizado em simultâneo com as eleições presidenciais.

"A Ucrânia submeterá este acordo a ratificação pelo parlamento (...) e/ou realizará um referendo nacional para a sua aprovação, com a opção 'sim' ou 'não'. A Ucrânia poderá decidir realizar eleições em simultâneo com o referendo", disse em conversa com os jornalistas, noticiou hoje a agência de notícias Interfax.

Zelensky sublinhou que as garantias de segurança previstas no plano só entrarão em vigor se o acordo for ratificado de forma juridicamente vinculativa ou aprovado por referendo.

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