Zelensly pede à Alemanha para destruir o "novo muro" da Europa

Pedido foi feito num discurso que está esta manhã a ser transmitido em vídeo e dirigido aos deputados alemães.

17 de março de 2022 às 09:20
Zelensky Foto: LUSA/EPA
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exortou esta quinta-feira a Alemanha a derrubar o "novo muro" contra a liberdade que existe na Europa, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Caro chanceler [Olaf] Scholz, destrua esse muro, conceda à Alemanha o papel de desempenhar essa conquista", disse o presidente ucraniano perante a Câmara Baixa do Parlamento alemão (Bundestag) num discurso que está esta quinta-feira de manhã a ser transmitido em vídeo e dirigido aos deputados alemães.

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 Volodymyr Zelensly fez, deste modo, referência direta ao Muro de Berlim construído pela União Soviética em 1961 e derrubado em 1989, no início do colapso do regime comunista.

No início do discurso, o chefe de Estado ucraniano foi fortemente aplaudido pelos parlamentares alemães, de acordo com a agência francesa de notícias AFP.

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Falando a partir da Ucrânia, Zelensky lamentou a construção de um novo "muro" na Europa desde a invasão russa.

"Não é um muro de Berlim, mas um muro na Europa central, entre a liberdade e a servidão, e esse muro cresce a cada bomba" lançada contra uma cidade ucraniana, sublinhou.

"Um povo está prestes a ser destruído na Europa", alertou Zelensky, que disse que 108 crianças foram mortas na Ucrânia desde o início da ofensiva.

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"Ajudem-nos a parar esta guerra", pediu.

O Presidente ucraniano lamentou ainda as estreitas relações económicas estabelecidas nos últimos anos entre Berlim e Moscovo, em particular no campo da energia.

"Caro povo alemão, como é possível que quando vos dissemos que o Nord Stream 2 (um gasoduto entre a Rússia e a Alemanhaera uma espécie de preparação para a guerra, ouvimos como resposta 'é puramente económico. É a economia, a economia'", questionou.

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Esses projetos liderados pela Alemanha e pela Rússia "foram o cimento para o novo muro", criticou Zelensky.

A Ucrânia opôs-se, desde o início, à construção do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha, mas cuja entrada em funcionamento foi suspensa por Berlim quando o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas ucranianas pró-Rússia.

O regime ucraniano também instou, há várias semanas, a Alemanha a enviar armas, o que Berlim finalmente aceitou depois da invasão russa.

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Na sua comunicação de hoje, Zelensky pediu ainda ao chanceler alemão que não se fique pelas sanções económicas impostas até agora contra a Rússia, lembrando os bombardeamentos à cidade cercada de Mariupol e os ataques que o seu país sofre "dia e noite" e "todos os dias da semana".

"É difícil sobreviver a tudo isto sem a ajuda do resto do mundo, defender a Ucrânia e defender o mundo livre da Europa", acrescentou, insistindo na metáfora do muro ao referir que dividiu Berlim durante décadas.

Parafraseando o histórico discurso de 1987 do então Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, no muro de Berlim, quando este pediu ao líder soviético, Mikhail Gorbachev, para derrubar a construção, Zelensky dirigiu-se ao chanceler alemão.

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"Sr. Scholz, destrua esse muro", afirmou, lamentando que o seu país esteja a receber "mais apoio" do outro lado do Atlântico do que da própria Europa.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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