Maksym e Ivan, dois órfãos ucranianos de 16 e 17 anos, escaparam aos bombardeamentos e à fome, na cidade de Mariupol, mas foram capturados e levados para a parte de Donetsk ocupada pela Rússia, onde foram mantidos incomunicáveis durante meses.
Os jovens estão agora entre as cerca de 400 crianças ucranianas que regressaram da Rússia ou do território por ela controlado desde o início da guerra na Ucrânia, avança a agência Reuters.
Os rapazes, estudantes da Escola Técnica de Construção de Mariupol, viviam num dormitório quando a zona foi bombardeada pelas forças russas. A comida e a água acabaram e, em março, fugiram a pé para uma aldeia próxima.
"Quando chegámos, fomos para o hospital, porque não havia mais nenhum sítio para onde ir. Dissemos que éramos órfãos e informaram o hospital de Donetsk. Depois vieram os serviços de proteção de menores e perguntaram onde estavam os nossos pais. Por isso, levaram-nos", disse Maksym àquela agência de notícias.
"Não queríamos ir para lá, mas não tínhamos escolha. Alimentavam-nos quatro vezes por semana. Passávamos o tempo nos nossos quartos e jogávamos nos nossos telemóveis. Deixavam-nos sair durante uma hora por dia, mas não todos os dias", explica o jovem.
Quando já tinham perdido a esperança de regressar a casa, o Presidente da Câmara de Donetsk deu-lhes cartões SIM para os seus telemóveis, o que lhes permitiu contactar o diretor da escola em que estudavam, que há semanas tentava localizá-los.
Anton Bilai, que era o tutor legal dos jovens ao abrigo da lei ucraniana, viajou durante três dias e fez mais de quatro mil quilómetros para buscar as crianças.
De acordo com a Reuters, Moscovo negou ter levado à força crianças ucranianas, afirmando que apenas encontrou um pequeno número de crianças em orfanatos ou sem cuidados parentais e que tentou alojar o maior número possível de crianças junto de familiares na Rússia.
Ivan, Maksym e outros órfãos estão a partilhar as suas experiências a altos funcionários dos Países Baixos e da Ucrânia para estimular a ação internacional.
"É importante dizer ao mundo que os russos estão realmente a roubar as nossas crianças. Temos de as trazer de volta o mais rapidamente possível", disse Maksym.