"Mesmo que embelezemos as coisas, o roubo continua a ser um roubo e não ficará impune", refere o presidente russo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou esta sexta-feira como "um roubo" o congelamento de bens russos no Ocidente e a sua utilização para ajudar a Ucrânia a resistir à Rússia, e prometeu responder.
"Os países ocidentais congelaram parte dos ativos e das reservas de moeda estrangeira da Rússia. E agora estão a pensar numa base legal para se apropriarem deles definitivamente. Mesmo que embelezemos as coisas, o roubo continua a ser um roubo e não ficará impune", disse Putin perante funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Quinta-feira, em Apúlia, na região de Bari, sudeste de Itália, o grupo das sete nações mais industrializadas do mundo, o G7, alcançou um acordo para conceder à Ucrânia um empréstimo de 50.000 milhões de dólares (cerca de 46.000 milhões de euros), a financiar com juros gerados pelos ativos do banco central russo congelados na União Europeia (UE) e que chegará a Kiev antes do final deste ano.
O acordo foi alcançado pelos negociadores dos países do bloco -- conhecidos como 'sherpas' --, tendo agora de ser aprovado formalmente por cada um dos líderes, segundo fonte ligada ao G7, que adiantou que não se espera que o acordo seja bloqueado por qualquer um dos membros.
A reunião do G7, organização que integra Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Canadá, Reino Unido e Itália -- esta última com a presidência rotativa --, contou ainda com a presença do Papa Francisco e de chefes de Estado ou de Governo de Brasil, Argélia, Índia, Quénia, Tunísia e Turquia e também do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na noite de quinta-feira, e numa conferência de imprensa, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, indicou que a Rússia ameaçou já a UE com medidas "extremamente dolorosas", após o acordo do G7.
"Na Rússia, existem propriedades e bens europeus suficientes, e a inevitável retaliação russa será extremamente dolorosa para Bruxelas", advertiu
Zakharova sustentou que "destinar fundos, na prática, roubados à Rússia para a aventura militar do regime de Kiev e dos seus patrocinadores é criminoso e cínico".
"Uma medida destas não trará nada de bom para o Ocidente. As iniciativas ilegais relacionadas com o fornecimento de dinheiro a Kiev à custa de outros estão condenadas a provocar um permanente desequilíbrio no sistema financeiro e crises destrutivas", avisou.
Sublinhou mesmo que o maior risco recairá na UE, "que se verá confrontada, por exemplo, com uma fuga de capitais (...), uma vez que os fundos dos investidores da maior parte do mundo serão retirados dos países" europeus.
Desde o início da guerra russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, as autoridades russas têm ameaçado as potências ocidentais com a confiscação dos respetivos bens no seu país, caso utilizem os fundos congelados a Moscovo para suprir as necessidades da Ucrânia.
Em todo o mundo, estão congelados 260 mil milhões de euros de fundos do banco central russo, a maioria dos quais na Bélgica, que foram bloqueados depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.
Esses 260 mil milhões de euros de bens russos congelados geram cerca de 3.000 milhões de euros de juros por ano, mas essa quantia é insuficiente para Kiev: apenas cobriria as necessidades de financiamento do Governo ucraniano durante um mês.
Por isso, o G7 decidiu utilizar os juros futuros como garantia para o empréstimo à Ucrânia que será financiado principalmente pelos Estados Unidos e que se destina a ajudar Zelensky a reconstruir o país e comprar mais armamento.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.
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