Kiev ofereceu neutralidade em troca de garantias de segurança.
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A Rússia anunciou ontem a suspensão parcial das operações militares em Kiev e Chernihiv numa medida unilateral destinada a “criar confiança” após avanços significativos nas conversações de paz, que parecem ter entreaberto a porta uma possível solução negociada do conflito na Ucrânia.
“De forma a aumentar a confiança mútua e criar as condições necessárias para avançar as negociações e alcançar o objetivo final de assinar um acordo de paz, foi tomada a decisão de reduzir drasticamente a atividade militar na direção de Kiev e Chernihiv”, anunciou o vice-ministro russo da Defesa, Alexander Fomin, após mais de três horas de negociações em Istambul, na Turquia.
Mykhailo Podolyak, chefe da delegação ucraniana, disse ter apresentado na reunião uma proposta detalhada sobre a adoção pela Ucrânia do estatuto de país neutral em troca de garantias de segurança semelhantes àquelas que regem o Artigo 5 da Carta da NATO, ou seja, que implicam que os países signatários (neste caso, a Turquia, Israel, Canadá e Polónia) se comprometem a defender militarmente o país em caso de ataque. A Ucrânia promete ainda não acolher tropas ou bases militares estrangeiras no seu território e só realizar manobras militares com outros países após consentimento dos Estados que servirão como garantes do futuro estatuto de neutralidade.
O Governo de Kiev propôs ainda nas negociações um “período de consultas” de 15 anos sobre o futuro da Crimeia, região ocupada pela Rússia em 2014 e posteriormente anexada, empurrando assim para o futuro um dos principais entraves à paz. As duas partes acordaram também que o futuro da região do Donbass, parcialmente controlada pelos separatistas pró-russos e cuja independência foi reconhecida por Moscovo, será discutido diretamente entre Vladimir Putin e Volodomyr Zelensky num encontro que poderá ocorrer assim que os chefes da diplomacia dos dois países estejam preparados para rubricar um futuro acordo de paz, o qual terá posteriormente de ser aprovado pelo povo ucraniano em referendo.
Moscovo sublinhou que a redução das hostilidades no Norte da Ucrânia “não significa um cessar-fogo” e avisou que as negociações “ainda têm um longo caminho a percorrer”.
Os EUA confirmaram esta terça-feira à tarde uma redução nos ataques na zona de Kiev e a aparente movimentação de algumas unidades russas em direção à Bielorrússia, mas caucionaram que as intenções da Rússia devem ser avaliadas por ações e não por palavras. “Trata-se de um reposicionamento, não de uma retirada”, frisou fonte oficial à Agência Reuters, lembrando que a anunciada desescalada acontece em regiões onde o avanço russo tinha sido travado pela forte resistência ucraniana.
Pelo menos 12 pessoas morreram e 33 ficaram esta terça-feira feridas num ataque russo contra a sede do governo regional de Mykolaiv, no Sul da Ucrânia. À hora do fecho desta edição, as equipas de resgate ainda vasculhavam os escombros do edifício em busca de mais vítimas.
O bombardeamento, que ocorreu às primeiras horas da manhã, abriu uma enorme cratera na fachada do edifício e causou o colapso de vários pisos. “Destruíram metade do prédio e atingiram o meu gabinete”, disse o governador regional, Vitaliy Kim, afirmando que 18 dos feridos ficaram soterrados pelos escombros e tiveram de ser retirados pelos bombeiros, enquanto os restantes conseguiram sair pelo seu próprio pé. As vítimas incluem militares e civis.
Há várias semanas que as forças russas tentam sem êxito cercar Mykolaiv, que fica entre a cidade ocupada de Kherson e o estratégico porto ucraniano de Odessa.
Putin e Biden "terão de voltar a falar"
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reconheceu que Vladimir Putin e Joe Biden “terão de voltar a falar”, mas avisou que os insultos do Presidente americano podem complicar a sua relação futura. “Os insultos causam marcas nas relações pessoais. Porém, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, eles terão de conversar sobre questões de segurança estratégica e estabilidade”, admitiu Peskov. Recorde-se que Biden disse que Putin “não pode continuar no poder” e chamou-lhe “assassino” e “criminoso de guerra”.
Rússia diz que um dos objetivos foi atingido
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse esta terça-feira que as forças russas cumpriram o objetivo de "degradar significativamente a capacidade militar da Ucrânia".
Ucrânia denuncia agentes russos
Os serviços de informações ucranianos tornaram pública uma lista com os nomes e outros dados pessoais de mais de 600 alegados "agentes russos" em atividade na Europa.
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