As últimas tropas ucranianas que resistem em Mariupol, entrincheiradas numa zona industrial dos arredores da cidade portuária no mar de Azov, no Sudeste ucraniano, recusaram este domingo um ultimato da Rússia para se renderem. No sábado, o Presidente Volodymyr Zelensky alertou a Rússia que matar os militares que resistem nas instalações da fábrica metalúrgica da Azovstal impossibilitará qualquer negociação para um cessar-fogo.
"As nossas forças, os nossos soldados, ainda ali estão. Combaterão até ao fim. À hora a que vos falo continuam em Mariupol", afirmou na tarde de domingo o PM ucraniano, Denys Anatoliyovych Shmyhal, deixando claro que as forças ucranianas não pretendem entregar as armas, apesar de há muito não terem praticamente munições para ripostar.
A Rússia prometeu garantir a segurança dos militares que se entregassem e deu-lhes até à manhã de domingo para deporem as armas.
Ante a situação desesperada do derradeiro foco de resistência em Mariupol, Zelensky fez novo apelo à comunidade internacional, pedindo que tenha "papel decisivo" nas negociações para travar o cerco à cidade. Os russos terão matado desde 24 de fevereiro mais de 21 mil civis em Mariupol e Zelensky reiterou que o objetivo do Presidente russo, Vladimir Putin, é "tentar destruir todas as pessoas de forma deliberada".
A captura de Mariupol é estratégica para a Rússia, pois o porto é crucial para exportação de matérias-primas e a cidade é um polo importante no objetivo de ligar as regiões do Donbass sob controlo das forças separatistas pró-russas à península da Crimeia, anexada em 2014.
Apesar disso, o presidente ucraniano assegurou, em entrevista a uma cadeia de TV norte-americana, que está fora de questão entregar o Donbass para negociar a paz com a Rússia. "A Ucrânia e o seu povo têm uma coisa bem clara: não temos pretensões aos territórios de ninguém, mas não estamos dispostos a abdicar do nosso território", afirmou Zelensky.
Camiões fazem fila de 80 km para sair do espaço da UEUma fila de camiões chegou no sábado a atingir 80 km na fronteira entre Polónia e Bielorrússia quando se aproximava o prazo de Bruxelas para entrada em vigor das sanções que banem camiões de Rússia e Bielorrússia do espaço europeu. O prazo teve de ser alargado, pois este domingo havia ainda 12 km de fila.