Ucranianos admitem evacuação de Kiev e EUA querem acordo de paz
Aumenta risco de uma falha generalizada de eletricidade, numa altura em que o frio começa a apertar.
Paulo João Santos
7 de Novembro de 2022 às 01:30
As autoridades ucranianas admitem a hipótese de evacuar a capital do país, Kiev, caso as infraestruturas energéticas entrem em colapso absoluto, face aos bombardeamentos russos, conduzindo a uma falha generalizada de eletricidade. Segundo o jornal ‘The New York Times’, que avançou com a notícia, já haverá planos para a retirada das cerca de três milhões de pessoas que residem atualmente em Kiev.
Confirmam-se, assim, as previsões que apontavam para a entrada numa nova fase da guerra com a chegada do frio. Consciente do rigor do inverno na Ucrânia, com as temperaturas a descerem muito abaixo dos zero graus, as tropas de Putin têm atacado sem piedade as instalações elétricas, levando ao corte de energia em múltiplas localidades. Dificuldades acrescidas para o povo ucraniano, numa guerra que se prolonga sem fim à vista, o que está a deixar preocupada a administração de Biden. Uma preocupação confirmada pelo jornal ‘Washington Post’, segundo o qual a diplomacia norte-americana pediu, em privado, ao Governo ucraniano que deixe aberta a possibilidade de negociar a paz com a Rússia.
Não é a primeira vez que se apela a um acordo entre ucranianos e russos, mas a pressão americana para um entendimento ganhou uma nova dimensão. E, para os Estados Unidos, este é o momento certo. Se o inverno se perspetiva muito duro para os ucranianos, o ‘Washington Post’ recorda que as baixas temperaturas praticamente impossibilitam os combates, abrindo uma janela de oportunidade para a diplomacia. A caminho de nove meses de conflito, “o cansaço sobre a Ucrânia é uma realidade para alguns dos nossos parceiros”, alerta um responsável norte-americano ouvido pelo jornal sob anonimato, o que sublinha a necessidade de, tão rápido quanto possível, Zelensky e Putin calarem as armas e se sentarem à mesma mesa.
Pormenores
Exportação de gás
A Gazprom anunciou que mantém a remessa de 42,6 milhões de metros cúbicos de gás para a Europa através da Ucrânia. “Os fornecimentos são realizados de acordo com os pedidos confirmados”, esclareceu um responsável da empresa.
Ativistas absolvidos
Um juiz britânico absolveu 10 ativistas do Greenpeace que impediram um cargueiro de descarregar petróleo russo num porto inglês, considerando que a invasão da Ucrânia foi um ato de “terrorismo”. Estavam a ser processados por invasão e obstrução de atividades legais.
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