Começavam a chegar com o sol de junho e por ali ficavam até ao final do verão. Os turistas animavam a vila de pescadores, em que em cada rua se podia ler uma placa a anunciar os "chambres", "zimmers", "rooms" e "habitaciónes" - quartos e casas que os moradores vagavam no Estio para dar lugar aos forasteiros.
Nos anos 80, a Nazaré era uma vila de pescadores, onde se praticava a arte da xávega - as redes lançadas ao mar e puxadas pelos pescadores a partir da praia, com a ajuda dos turistas que estavam na praia. Pouco depois, os carapaus, batuques, sardinhas, petingas, cações e polvos voltavam à praia, estendidos nos paneiros para secarem ao sol.
Nas grutas que ficavam no extremo norte da praia, recolhia-se argila para espalhar na pele, tida como esfoliante melhor do que qualquer creme ou pomada que a farmácia pudesse vender.
As mulheres nazarenas, muitas delas viúvas de pescadores azarados no mar alto, vestiam de negro e algumas ainda usavam as tradicionais sete saias.
Subia-se a o Sítio no elevador e visitava-se o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. Ou o local onde o cavalo de D. Fuas Roupinho saltou para o salvar de uma queda que só por milagre não o matou. A vista era e continua ser deslumbrante.
Hoje, quem visita a Nazaré ainda encontra muito deste pitoresco que sempre deu encanto à vila. Mas a descoberta da onda da Nazaré pôs a terra nas bocas do mundo. O americano Gareth McNamara chegou há quase 10 anos para surfar as paredes de água da Praia do Norte e hoje chega gente de todo o mundo para admirar as maiores ondas do planeta.
Octávio Paiva fotografou em 1984 uma Nazaré cheia de vida.
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