Prosa: Adolescências
Somos tão novos e já nos obrigam a definir o nosso caminho.
Somos tão novos e já nos obrigam a definir o nosso caminho. Passámos da inocência para a realidade num fechar de olhos.
Amores incompreendidos, pensamentos únicos, decisões inconscientes, noites irresponsáveis, companhias influenciáveis e um caminho incerto. Isto pode caracterizar a fase onde nos encontramos. Quanto mais crescemos mais arrependidos ficamos do que não fizemos. Mais aterrorizados nos sentimos ao pensar que simplesmente estamos a crescer. Passaremos para o degrau
seguinte. A fase onde quanto maiores mais complexos, mais solitários, mais monótonos. A fase adulta.
Todos os anos a mesma história. "Já és crescido. Tens de te comportar como tal" dizem os avós. "Já vais para o secundário. Tens de dar o litro" dizem os pais. Quando vamos a ver é só mais um ano cheio de alegrias e saudáveis memórias, mas o que mudou
para além das datas?
Este ano virámos a página. As companhias, as rotinas, as relações… Deixámos imensa gente para trás com a mudança de escola. Apercebemo-nos que amigos não são aqueles com quem convivemos cinco dias por semana. Pudemos conhecer uma diversidade de personalidades e pensamentos. Julgámo-las em silêncio. Revelaram-se todas em menos de dois meses. Deram-nos a conhecer vidas incríveis de pessoas fortes e lutadoras, assim como fracos e preguiçosos. No secundário encontramos de tudo imaginável, tal como nos encontramos.
Seremos todos pessoas simples e discretas? Cada um de nós tem o seu próprio estilo com pensamentos raros. Tentamos encontrar o nosso caminho. Uns da melhor maneira, outros da maneira que não melhora. Uns preferem o tabaco, o álcool, as festas, as companhias de uma noite, as redes sociais. Resumidamente, ao que chamam de diversão. Outros preferem o esforço, as velhas amizades, as boas palavras e a entreajuda. Cada um tem a liberdade de se matar à sua maneira.
Não existem caminhos definidos. Existe um enorme mapa ao nosso dispor cheio de cores, tradições, línguas e religiões. Vivemos num pequeno país entre
tantos. Porque é que haveríamos de baixar os braços se a nossa vida ainda agora começou? Se temos o mundo ao nosso dispor?
A receita é confiança. Do que somos, do que fazemos, do que lutamos, do que temos e do que queremos ter. Mas nada disso é possível sem amor. Amor próprio.
Trabalho de Rita Ferreira Murtinho, 15 anos, Coimbra
Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 26 de fevereiro. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o regulamento).
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