Prosa: Maria

Mulher corajosa, dedicada e mãe. A minha mãe.

29 de setembro de 2015 às 18:00
geração arte, prosa
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Mulher corajosa, dedicada e mãe. A minha mãe.

Quando nascemos temos a sensação de que as mães são eternas, ficarão sempre na nossa vida, indestrutíveis até com o passar dos anos, dos ventos, dos calores mais tórridos, com o passar da vida.

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Somos felizes, damos os primeiros passos, dizemos as primeiras palavras, conquistamos as nódoas negras nas pernas características da infância. Crescemos, e com isso, os primeiros desgostos amorosos, o emprego e todos os problemas da vida real, mas, nesse caminho complicado está a nossa mãe.

Sempre esteve do meu lado, Maria, como lhe chamava carinhosamente.

Se alguma vez duvidei do seu amor? Não, nunca. Maria deu-me a maior e mais bonita prova quando estava deitada nos meus braços, imóvel, coração fraco, respiração lenta, inanimada.

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Tentei de tudo, supliquei-lhe para que abrisse os olhos, para que falasse comigo. Quis reanimá-la e com a minha inexperiência e inocência tentei, porém, em vão. Depois de tanta luta implorei: " Mãe, por favor. Se me amas, respira."

Maria encheu o peito de ar, o último fôlego que lhe restava, fazendo cair o seu braço sobre o meu peito, deixando-me com uma brisa na pele.

A minha mãe acabara de partir, refugiada nos meus braços e com ela a minha vida desapareceu, eu acabara de desaparecer naquele mesmo instante.

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Depois daquela noite, a minha vida nunca mais foi a mesma. Precisei de me adaptar ao mundo cruel dos adultos ao qual não queria ser forçada a fazê-lo, deixando assim, a minha inocência de parte para conseguir sobreviver.

Agora, os problemas são maiores, os desgostos têm a dura capacidade de me destruir, tudo tem uma intensidade agravada sem a minha mãe.

Porém, o meu pai ficou comigo, embora não seja fácil vivermos os dois dentro destas quatro paredes repletas de memórias e cheiros da Maria que aqui ainda moram connosco.

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Passaram três meros anos e o nosso sofrimento continua difícil de suportar. Acabamos os dias a chorar em silêncio, sufocados pela preocupação um pelo outro.

Todavia, o meu amor por ela permanece igual, não mudou com o tempo e a cicatriz imensa que trago no peito invisível a olho nu tenta fechar, querendo-me ajudar a fazer um processo de luto ao qual não estou disposta a fazê-lo.

Contudo, a minha vida continuou, mesmo sem a sua força e apoio.

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Agora, tento encarar os dias de forma mais leve, as lágrimas começam a ser mais escassas assim como a minha dor.

Continuei a ser eu mas sem ela.

Trabalho enviado pela participante Neuza Augusto, 24 anos, de Évora.

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