Faustin-Archange Touadéra transmitiu esta posição no início da reunião com o primeiro-ministro português, António Costa, que decorreu no Palácio Presidencial, em Bangui, em que os minutos iniciais foram abertos aos jornalistas.
"Através da presença das forças portuguesas, temos conseguido progressos na estabilização do país. A nossa preocupação é a paz. A presença dos vossos militares, integrados na força multinacional, têm sido importante", declarou.
Portugal integra a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA) desde 2017.
Após ter feito escala em São Tomé, António Costa foi recebido no aeroporto pelo primeiro-ministro centro-africano, Félix Moloua, que estava acompanhado pelos seus ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros centro-africanos, além de autoridades militares da RCA.
Um breve encontro que antecedeu a reunião com o chefe de Estado da RCA e em que, segundo fonte diplomática nacional, os membros do executivo de Bangui pediram a Portugal para interceder no sentido de ser retomada a missão de treino da União Europeia.
A União Europeia congelou as suas missões de treino militar apoiadas pela missão logística, que também apoia soldados destacados na missão das Nações Unidas (Minusca) e na Missão de Treino da UE, em dezembro de 2021.
Em outubro, passado, saíram da RCA os últimos 130 militares da missão logística francesa, após 62 anos de presença contínua. A França acusa as autoridades de Bangui de estarem aliadas ao grupo privado de mercenários russos, Wagner, ligado ao Presidente Vladimir Putin.
Nesta sua terceira visita às tropas portuguesas em missão na RCA, depois das que efetuou 2017 e 2021, António Costa chegou a Bangui ao fim da manhã, acompanhado pela ministra da Defesa, Helena Carreiras.
Antes de se encontrar com os militares portugueses em missão neste país, António Costa vai reuniu-se também com a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Valentine Sendanyoye Rugwabiza, do Ruanda.
Tal como o chefe de Estado centro-africano, também Valentine Sendanyoye Rugwabiza classificou como excelente "o contributo dos militares portugueses" e pediu a António Costa para quer exista uma cooperação bilateral com as Forças Armadas da RCA.
"Estamos muito reconhecidos a Portugal", declarou, antes de defender que a União Europeia volte a colocar nas suas prioridades a cooperação com a RCA -- um pedido que dirigiu diretamente a António Costa, depois de advogar que a situação no plano da segurança tem melhorado, sobretudo nas fronteiras com a República Democrática do Congo, Sudão e Chade.
Na resposta, o primeiro-ministro referiu que o papel das Nações Unidas pode ser relevante no plano diplomático para aproximar a União Europeia da RCA, mas também observou que "há diferenças de posições" entre os diferentes Estados-membros europeus.
"Na RCA, Portugal quer garantir uma segurança duradoura", disse, após Valentine Sendanyoye Rugwabiza ter advertido que as Nações Unidas não podem prolongar indefinidamente a sua presença neste país.
De acordo com informação divulgada pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), Portugal tem na República Centro-Africana a 12ª Força Nacional Destacada, que é composta por 215 militares.
Esta força é constituída sua maioria por tropas especiais paraquedistas do Exército.
O contingente português Inclui, também, militares de outras unidades do Exército, que têm como missão reforçar a capacidade operacional dos paraquedistas, um militar da Marinha Portuguesa e três militares da Força Aérea Portuguesa, que constituem uma equipa de controlo aéreo tático.
Segundo o Governo, Portugal tem mantido de forma continuada presença RCA, sendo este o maior contingente de Forças Nacionais Destacadas.
"Atualmente, Portugal participa com elementos nas duas missões da UE e na MINUSCA (ONU), contando as três missões na RCA com nacionais portugueses em posições de comando. A União Europeia tem duas missões a atuar na RCA: Uma missão militar de treino (EUTM RCA) e uma missão civil de aconselhamento e monitorização (EUAM RCA), com a participação e chefia de Portugal em ambas. Trata-se do mais importante envolvimento nacional em Operações de Paz", salienta o executivo de Lisboa.
De acordo com dados do EMGFA, as Forças Armadas empenharam 2.427 militares em 29 missões internacionais no ano de 2022, sendo que a maior parte decorreu no âmbito da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
No ano passado, com militares e meios da Marinha, Exército e Força Aérea, "sob comando operacional do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Portugal esteve presente em 29 missões em países do continente africano, americano, asiático e europeu, nas quais foram empenhados 2.427 militares, 89 viaturas táticas, nove navios e oito aeronaves".