"O Presidente da República da Guiné-Bissau, general Umaro Sissoco Embaló, exprime a sua total condenação à tentativa de golpe de Estado ocorrida em São Tomé e Príncipe e considera como inadmissível e inaceitável qualquer tipo de ação que ponha em causa o Estado de Direito Democrático", refere, em nota divulgada à imprensa, a Presidência guineense.
Na nota, o também presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) manifestou a "sua total solidariedade" ao Presidente são-tomense, ao primeiro-ministro, Governo, e povo aguardando que "neste momento as instituições democraticamente eleitas se mantenham coesas, unidas e determinadas em prol do desenvolvimento e bem-estar dos são-tomenses".
"O Presidente da República da Guiné-Bissau expressa o seu profundo respeito pelo posicionamento republicano assumido pelas forças armadas e polícias de São Tomé e Príncipe e exorta-os a prosseguirem e a reforçarem cada vez mais essa postura constitucional", acrescenta a nota.
Durante a madrugada de sexta-feira, quatro homens, civis, atacaram o quartel militar em São Tomé, o que o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, descreveu como "uma tentativa de golpe de Estado".
O ataque, que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa), com a detenção dos quatro assaltantes e de alguns militares suspeitos de envolvimento no ataque.
Dos quatro atacantes, três morreram, bem como o suspeito Arcélio Costa, que tinha sido levado pelos militares para o quartel às primeiras horas da manhã de sexta-feira, disse fonte ligada ao processo.
Ao início da manhã de sexta-feira, os militares detiveram, nas suas respetivas casas, o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, atualmente deputado pelo movimento Basta, e Arlécio Costa, antigo oficial do 'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, alegadamente identificados pelos atacantes como mandantes.
Os assaltantes teriam atuado com a cumplicidade de militares no interior do quartel, tendo pelo menos três cabos sido detidos. No exterior, cerca de 12 homens aguardavam, em carrinhas, e alguns fugiram durante as trocas de tiros com os militares.
Os atacantes e os militares envolveram-se em confrontos, tendo o oficial de dia sido feito refém e ficado ferido com gravidade após agressões.
Em conferência de imprensa, na sexta-feira, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, que assumiu o cargo há duas semanas, disse que a situação no país estava "calma e controlada" e elogiou a atuação das Forças Armadas.
O chefe do Governo disse ainda esperar que a justiça faça o seu trabalho e pediu "mão firme" para os responsáveis da tentativa de golpe.
O Ministério Público de São Tomé e Príncipe abriu dois processos-crime para investigar o ataque ao quartel militar e o alegado homicídio e tortura de quatro suspeitos, disse hoje à Lusa fonte judicial.