Segurança máxima

A onda de violência promovida pela guerrilha no Afeganistão entrou em escalada na véspera das eleições gerais de hoje, tendo custado a vida a pelo menos 11 pessoas.

18 de setembro de 2005 às 00:00
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É com este pano de fundo de um conflito que ameaça expandir-se que os Comandos portugueses estacionados em Cabul terão de contar no período eleitoral enquanto realizam patrulhamentos motorizados e apeados, escoltas, controlo de tumultos e, mesmo, operações de combate.

Os resistentes taliban e outros grupos rebeldes tentam intimidar eleitores, candidatos e autoridades com uma campanha de violência que, embora intensificada no período eleitoral, custou já a vida a mais de mil pessoas desde o início do ano. Boa parte destas vítimas foram do lado rebelde, mas registaram-se igualmente dezenas de mortes de civis, entre os quais candidatos a deputados, e ainda de pelo menos 49 soldados dos EUA.

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A 2.ª Companhia de Comandos do Exército português e o Grupo de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea, num total de 122 operacionais, constitui a Força de Reacção Rápida que, sob a dependência directa do comandante da Brigada Multinacional de Cabul, garante a segurança na capital afegã, onde a tensão está em crescendo. Ontem uma emboscada a uma patrulha da polícia, poucos quilómetros a sul da capital afegã, vitimou quatro agentes, enquanto 20 rebeldes foram capturados quando tentavam fazer explodir a maior barragem afegã, em Kajaki, no sul do país.

Medidas excepcionais foram adoptadas, nomeadamente no Aeroporto de Cabul, actualmente sob liderança de Portugal – o comando está a cargo de um tenente-coronel português e 37 militares lusos integram o contingente. O nível de segurança foi aí elevado desde a semana passada, com a redução da presença de civis, aumento das acções de fiscalização e vigilância internas, restrição de saídas do pessoal militar e rigorosas medidas que visam evitar possíveis infiltrações em áreas vitais.

Ao todo, mais de 100 mil militares estão envolvidos na segurança dos eleitores, dos quais 20 mil efectivos dos EUA e 10 mil do contingente de manutenção de paz da ONU.

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O vizinho Paquistão incrementou igualmente a segurança, destacando mais efectivos para patrulhar as imensas linhas de fronteira com o Afeganistão. Cerca de 50 novos postos de controlo fronteiriço foram estabelecidos para cortar as possíveis rotas de infiltração de terroristas.

AS PRIMEIRAS LEGISLATIVAS

Cerca de 12,5 milhões dos mais de 25 milhões de afegãos estão inscritos para votar nas eleições de hoje, as primeiras legislativas de sempre no país, que determinarão a composição do Parlamento e de 34 Assembleias provinciais. Depois de terem tentado perturbar as presidenciais de Outubro, os taliban procuram hoje fazer o mesmo, mas espera-se, apesar disso, uma participação maciça. Há cerca de 5.800 candidatos aos 249 lugares da Câmara baixa (a Câmara alta é eleita indirectamente) e às centenas de lugares nas Assembleias locais. Às mulheres são reservados 68 assentos parlamentares e um quarto dos assentos nos órgãos de poder provincial, sendo o número de deputados eleitos por cada província calculado em função da população.

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