"Psiquiatria pode ajudar crianças gay", diz Papa
Sumo Pontífice recomenda pais a procurarem ajuda médica para filhos cujas tendências homossexuais se manifestem na infância.
O Papa Francisco, que desde o início do pontificado sempre manifestou grande abertura ao acolhimento e respeito pelos homossexuais na Igreja, está a ser criticado pela comunidade LGBT por sugerir que as crianças que manifestam tendências homossexuais devem ser acompanhadas por um psiquiatra.
A polémica afirmação foi proferida numa conversa com jornalistas na viagem de regresso após a conturbada visita à Irlanda, dominada pela questão dos abusos sexuais cometidos por membros do clero. Questionado sobre o que diria aos pais cujos filhos mostram tendências homossexuais, Francisco respondeu: "Primeiro que tudo, aconselhava-os a rezar, não a condenar; a dialogar, a perceber e a dar espaço. Nos casos em que se manifesta desde a infância, há muito que pode ser feito com a ajuda da psiquiatria, para ver como ficam as coisas. É uma coisa diferente quando se manifesta depois dos 20 anos", afirmou o Pontífice.
Estas palavras chocaram a comunidade homossexual, que acusou o Papa de recuperar a ideia de que a homossexualidade é uma doença. "São palavras graves e irresponsáveis que incitam ao ódio contra as pessoas LGBT", afirmou um dirigente da organização francesa SOS Homophobie. "Gostava que o Papa não usasse mais os homossexuais para deixar de falar dos padres pedófilos", acusou a presidente da organização GayLib, sugerindo que Francisco estava a tentar desviar as atenções da pedofilia na Igreja e da carta do arcebispo conservador Carlo Maria Viganò, que acusou o Papa de ignorar as denúncias sobre os abusos cometidos pelo cardeal americano Theodore McCarrick.
Questionado sobre o assunto, o Papa optou por manter o silêncio. "Não vou dizer uma palavra sobre isso. Julgo que a carta fala por si e vocês têm capacidade jornalística para tirarem as vossas conclusões."
PORMENORES
"Quem sou eu para julgar?"
Pouco após o início do seu pontificado, em 2013, Francisco manifestou uma abertura até então inédita na Igreja relativamente aos homossexuais, ao afirmar "quem sou eu para julgar?". No entanto, nunca alterou a doutrina oficial da Igreja, que classifica a homossexualidade como um "distúrbio".
Conforta homossexual
Em maio, durante a sua visita ao Chile, o Papa confortou um homossexual, Juan Carlos Cruz, que foi vítima de abusos de um padre pedófilo. "O Papa ama-te desta maneira. Deus fez-te as sim e Ele ama-te", afirmou.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt