Casos de sucesso no Mundo: Do rigor grego à resposta rápida da República Checa contra o coronavírus
Eslováquia foi o primeiro país europeu a tornar obrigatório o uso de máscaras e Nova Zelândia apostou na eliminação do vírus.
Com uma das populações mais envelhecidas da Europa e um sistema de saúde debilitado por uma década de austeridade, a Grécia tinha tudo para se tornar num dos principais epicentros da pandemia na Europa.
Surpreendentemente, é hoje vista como um verdadeiro caso de sucesso no combate ao coronavírus, tem uma das taxas de contágio mais baixas entre os países europeus e até já pensa na reabertura do turismo.
Os números falam por si: a Grécia registou até ao momento um total de 2591 casos confirmados e 140 mortes. Para este sucesso muito contribuíram as medidas rápidas e extremamente rigorosas tomadas pelo governo, que rapidamente contratou centenas de médicos e enfermeiros e aumentou em 70% a capacidade dos Cuidados Intensivos.
O país registou o seu primeiro caso no final de fevereiro e as escolas fecharam a 11 de março. Dois dias depois foi a vez dos cafés, restaurantes e outros estabelecimentos e a 23 foi decretada a quarentena total: até para passear o cão os gregos precisavam de enviar antes uma mensagem a informar as autoridades.
A população acatou as medidas de forma exemplar e, seis semanas depois, o país prepara-se para iniciar na segunda-feira o regresso gradual à normalidade com a reabertura do pequeno comércio. Os hotéis e as praias reabrem a 1 de junho e a Grécia espera voltar a receber turistas já a partir de julho.
República Checa foi o primeiro país a levantar medidas
O sucesso da República Checa no combate ao coronavírus explica-se numa palavra: rapidez. O país, com 10,7 milhões de habitantes, foi o primeiro estado europeu a fechar as fronteiras aos viajantes provenientes da China, ainda em janeiro.
Foi também o primeiro país europeu a decretar o estado de emergência, no início de março, quando ainda não havia registo de qualquer morte no país, e foi dos primeiros a tornar obrigatório o uso de máscaras nos locais públicos, medida que irá continuar em vigor até final de junho. Foi pioneiro na utilização de geolocalização para monitorizar os movimentos de pessoas infetadas e dos seus contactos e também na testagem em massa da população. Graças ao sucesso destas medidas, foi também dos primeiros países europeus a iniciar o levantamento das medidas de confinamento, a 20 de abril.
No total, a República Checa registou até agora 7689 casos de Covid-19 e 237 mortes, números relativamente baixos comparando com outros países europeus, e há cerca de duas semanas que o número de novos casos está abaixo dos cem. As coisas estão a correr tão bem que o plano inicial do governo para um desconfinamento gradual em cinco fases foi encurtado para quatro, adiantado duas semanas em relação à data prevista e até o governo britânico já admitiu que está a observar o modelo checo "com grande atenção".
Políticos deram o exemplo na Eslováquia
A Eslováquia foi o primeiro país europeu a tornar obrigatório o uso de máscaras nos transportes públicos e locais fechados, logo em meados de março, com os cientistas a alertarem que o uso alargado da máscara teria um efeito semelhante ao da imunidade coletiva, sem os riscos inerentes a esta última abordagem. O exemplo dado pelos políticos foi determinante para garantir o cumprimento da população.
Enquanto noutros países europeus os políticos aconselham os cidadãos a usar máscaras mas raramente as usam em público, na Eslováquia os políticos deram o primeiro passo, ainda antes de a medida se tornar obrigatória.
A 13 de março, num debate televisivo sobre a pandemia que foi um dos programa mais vistos de sempre no país, o PM eleito, Igor Matovic, e o ministro da Saúde apareceram de máscara, tal como o apresentador. O governo lançou ainda uma campanha intitulada ‘Usar Máscara Não é Vergonha’.
Coronavírus "eliminado" na Nova Zelândia
Em meados de março, dias após ordenar uma das quarentenas mais rigorosas impostas em todo o Mundo por causa do novo coronavírus, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, traçou um objetivo aparentemente impossível de alcançar sem uma vacina disponível: não apenas achatar a curva da epidemia, mas erradicar completamente o vírus de todo o território neozelandês. Um mês e meio depois, com menos de 1500 casos registados e apenas 19 mortes, o governo declarou vitória e deu o vírus como "eliminado", após conseguir acabar com os casos de transmissão doméstica.
A geografia ajudou a vencer esta batalha. Com portos e aeroportos fechados e uma reduzida densidade populacional, foi mais fácil ao arquipélago de 4,9 milhões de habitantes isolar e controlar a doença.
Na passada segunda-feira, no dia em que foram levantadas as primeiras medidas de confinamento, formaram-se longas filas de carros à porta dos restaurantes de fast food. Pela primeira vez desde março, os neozelandeses puderam voltar a saborear hambúrgueres e batatas fritas, pequenos prazeres que lhes estavam vedados por um confinamento rigoroso que baniu até o takeaway ou as entregas em casa. Ardern já avisou que o desconfinamento será gradual e cauteloso para evitar uma segunda vaga de contágios.
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