Ex-cirurgião admite ter abusado sexualmente de 299 vítimas, maioria eram menores de idade
"A devastação que criei é da minha responsabilidade, não do meu ambiente", reconheceu o arguido de 74 anos, já condenado por pedofilia em 2020.
O ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, que está a ser julgado em França pela violação e agressão sexual de 299 vítimas, admitiu hoje pela primeira vez a sua culpa em todas as acusações, de acordo com um dos seus advogados.
A ser julgado desde 24 de fevereiro no tribunal penal de Morbihan, em Vannes, no oeste de França, Le Scouarnec é acusado de centenas de crimes de violação e agressão sexual em que muitas das vítimas eram menores de idade.
"Perguntei-lhe se reconhecia que os 299 atos processados eram crimes e ele disse 'sim'", disse o advogado Maxime Tessier à agência de notícias France Presse após a audiência.
O advogado de Joël Le Scouarnec acrescentou que esta confissão de culpa foi registada na ata da audiência e que a declaração representou "um ponto de viragem" no julgamento.Até agora, o arguido só tinha admitido os factos um a um, à medida que o processo avançava, centrando-se nos cadernos de notas em que registava meticulosamente os abusos que infligia às suas vítimas.
Durante a investigação, o arguido negou muitos desses actos, alegando que se tratava de procedimentos médicos realizados em pacientes, na sua maioria menores de idade na altura."Tenho o dever de dizer a verdade", declarou Joël Le Scouarnec para explicar esta mudança de atitude, segundo o seu advogado."Pedi ao tribunal que registasse no auto do processo que Joël Le Scouarnec admitiu a sua culpabilidade pelos 299 crimes" julgados em Vannes, afirmou Tessier.
"O reconhecimento é uma etapa essencial para que as vítimas possam seguir em frente e é bom que tenha sido feito nesta fase do processo", declarou Frédérique Giffard, que representa cerca de quinze partes civis em Vannes."A devastação que criei é da minha responsabilidade, não do meu ambiente", reconheceu o arguido de 74 anos, já condenado por pedofilia em 2020, naquela que foi a sua primeira declaração aprofundada em 03 de março.
Le Scouarnec já tinha sido condenado em 2020 a 15 anos de prisão por outros crimes sexuais como molestar e violar quatro menores, duas das quais suas sobrinhas.Na primeira sessão em 03 de março, Le Scouarnec começou o julgamento assegurando que estava "pronto a reconhecer" violações até então desconhecidas ou não admitidas, num julgamento até há data previsto para terminar apenas em 20 de junho.
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