Alta tensão em Maputo com marcha da oposição

É num ambiente de grande tensão e apreensão que Maputo aguarda esta quinta-feira a manifestação convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane contra a alegada fraude eleitoral. Será o culminar de sete dias de manifestações e greves em todo o país convocadas por Mondlane em protesto contra os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, cuja vitória foi atribuída ao candidato presidencial, Daniel Chapo.

Centenas de manifestantes têm saído à rua em várias cidades em resposta aos apelos de Mondlane, em protestos que têm culminado em confrontos com as forças policiais. Com o escalar da violência e com o registo de pelo menos 16 mortos e centenas de feridos, os EUA, Reino Unido, Canadá, Noruega e Suíça já apelaram a todos os envolvidos para que “demonstrem contenção” e respeitem o Estado de direito e a vida humana.

Os protestos levaram na terça-feira à noite a África do Sul a encerrar a principal fronteira com Moçambique, entre Komatipoort e Ressano Garcia, por “motivos de segurança”, isto depois de mais de trinta agentes da Polícia de Moçambique terem procurado refúgio no lado sul-africano depois de manifestantes terem invadido o posto fronteiriço moçambicano e incendiado edifícios, incluindo casas de agentes de segurança e veículos da autoridade aduaneira moçambicana.

ADVOGADOS “BANHO DE SANGUE”

O bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Carlos Martins, apelou ao Presidente da República para iniciar um “diálogo genuíno” com Mondlane, para evitar um “banho de sangue” na manifestação desta quinta-feira em Maputo.

INVESTIGAÇÃO FRAUDE COM ATAS

A Procuradoria-Geral da República de Moçambique está a investigar uma queixa do Podemos, que apoia Venâncio Mondlane, denunciando a alegada “fabricação fraudulenta de novas atas e editais” das eleições gerais.