“Aqui está tudo bem”: Divulgadas últimas mensagens dos tripulantes do submarino que implodiu no oceano Atlântico
Revelados vários problemas e falhas de segurança.
“Está tudo bem aqui.” Esta foi a última mensagem não técnica enviada pelo submarino ‘Titan’, que implodiu durante uma visita aos destroços do ‘Titanic’ a 18 de junho do ano passado e que resultou na morte dos cinco tripulantes: Stockton Rush, o fundador da OceanGate, o explorador britânico Hamish Harding, o ex-comandante da Marinha Francesa e especialista no ‘Titanic’, Paul-Henri Nargeolet, o milionário britânico-paquistanês Shahzada Dawood e o seu filho Suleman, de 19 anos.
A mensagem do francês Paul-Henry Nargeolet, agora divulgada pela guarda costeira dos EUA durante uma audiência para averiguar as causas do desastre, foi enviada às 9h17, cerca de uma hora depois do mergulho. Meia hora depois, o ‘Titan’ enviou nova mensagem: “Deixámos cair dois wts”, ou seja, tinha libertado dois pesos de queda, um procedimento para melhorar a flutuação. Depois disso perdeu a comunicação com o navio-mãe, o ‘Polar Prince’, e não regressou à superfície às 15h00 como estava previsto.
Sucederam-se quatro dias de buscas até que no dia 22 de junho, um veículo subaquático operado remotamente efetuou duas operações no fundo do Atlântico. Conseguiu descobrir o cone da cauda e outros destroços, recuperando os restos mortais dos passageiros.
A imagem da cauda em cone do ‘Titan’, que se partiu durante a implosão, foi também agora divulgada pela primeira vez. Estava ao lado de cabos e outros destroços, a apenas 300 metros do ‘Titanic’.
Na audiência, que decorre até 27 de setembro, estão a ser ouvidos especialistas e funcionários da OceanGate, a empresa proprietária do ‘Titan’. A audiência revelou insuficiências: o ‘Titan’ não foi submetido a testes, teve vários problemas em mergulhos anteriores e nunca foi solicitada a inspeção da guarda costeira.
Entre 2021 e 2022, o submarino registou 118 avarias, incluindo falhas nos propulsores e problemas nas baterias. Num dos incidentes, os passageiros ficaram presos no interior durante 27 horas. Segundo a guarda costeira norte-americana, numa expedição de 14 de junho a 25 de julho de 2022, o submarino foi testado, sendo que teve apenas sete mergulhos bem-sucedidos, entre os 13 tentados até à expedição ao ‘Titanic’.
Destroços estavam perto do 'Titanic'
As buscas pelos destroços do ‘Titan’ duraram quatro dias. A 22 de junho de 2023, o ‘Odysseus 6K’, um veículo operado remotamente, captou imagens de vários fragmentos do submarino muito próximos do ‘Titanic’. Nas buscas foram utilizados vários ROV, veículos operados remotamente, mas o ‘Odysseus 6K’ destacou-se por ter feito a descoberta a 3,8 quilómetros de profundidade. O aparelho, construído pela Pelagic Research Services, pesa cerca de 1,7 toneladas e tem capacidade para chegar até aos seis mil metros de profundidade.
Tony Nissen, ex-diretor de engenharia da OceanGate, revelou durante a audiência que o ‘Titan’ foi atingido por um raio durante um teste em 2018, o que pode ter comprometido a funcionalidade do casco. A guarda costeira diz que nunca foram feitos testes independentes a esta peça.
Na audição ficou claro que não foram feitos ensaios não destrutivos no casco. Em junho de 2019, um piloto da OceanGate identificou uma grande fissura na superfície interna do casco de fibra de carbono. Em outubro do mesmo ano, o casco mostrou “sinais de fadiga” ao ser testado pela Deep Ocean.
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